'Val' : um retrato delicado e melancólico do astro Val Kilmer | 2021
NOTA 8.5
Por Karina Massud @cinemassud
Astro de Hollywood nos anos 80 e 90 que alcançou a fama com o filme “Top Secret! Super Confidencial” (1984), pioneiro em zoar de outras produções, Val Kilmer era um ator talentoso com carreira promissora, e apesar de inconstante, ainda tinha muita coisa boa pela frente. E eis que, depois de um período de declínio e ostracismo, tentando sair da posição de coadjuvante de luxo de astros como Tom Cruise ou Jim Carrey, ele ía finalmente colocar em prática um sonho ambicioso quando um câncer na garganta interrompeu sua carreira.
Após um longo período de choque, tratamento, negação da doença e finalmente aceitação, ele volta em “Val”, documentário da Amazon Prime que passeia por sua carreira e claro, luta pela vida. O longa é narrado pelo seu filho, Jack Kilmer, com vasto material: mais de 800 horas de filmagens feitas pelo próprio ator desde que era adolescente, passeando pela vida pessoal, os sucessos, os fracassos, a doença e o sofrimento atroz que veio com a doença. Tudo mostrado com tanta delicadeza pela dupla de diretores estreantes Ting Poo e Leo Scott, que mesmo os que não viveram o auge com o ator acabam sentindo empatia por ele.
Val Kilmer sempre teve comportamento genioso e muitas vezes excêntrico, o que dificultava a convivência e os trabalhos, que oscilavam entre altos e baixos: do estouro em “Top Gun: Ases Indomáveis” (1996), ele chegou ao aclamado e hipnótico Jim Morrison de “The Doors” (1991) e no tão almejado papel de Batman no filme “Batman Eternamente” (1995), - um fiasco sem tamanho -, e na “Ilha do Dr. Moreau” (1996) onde o sonho de contracenar com Marlon Brando (embora não tenha sido como ele imaginou) se concretizou. O memorável “Fogo contra Fogo” ( 1995) e “O Santo” (1997) também ajudaram a consolidar sua imagem de ator sério e não só de comédias besteirol. Talento não lhe faltava, muito menos boas propostas.
A narrativa do documentário segue entrecortando imagens do auge, como o Homem Morcego, em entrevistas importantes, e cenas do ator se mostrando fragilizado e inseguro com seu aspecto físico debilitado - pra quem já foi galã um dia não deve ser nada fácil perder tanto a beleza como o que tinha de mais precioso que era seu instrumento de trabalho: a voz. Hoje ele pinta quadros e vive de fazer presença em eventos de cultura pop, tirando fotos e dando autógrafos pros muitos fãs que ainda o admiram.
Esse é um longa de resgate e de cura para o ator de 61 anos, que repassa e revive sua carreira para si e para o espectador, buscando um sentido pra tudo. As cenas da sua vida atual, com a voz robótica devido à traqueostomia, são chocantes mas também inspiradoras, Val se desnuda e consegue nos inspirar, afinal está vivo e feliz por isso. Val Kilmer não merece ser esquecido, e esse documentário cumprirá bem esse papel.
Vale Ver!
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