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'Sempre em Frente' traz Joaquin Phoenix numa emocionante história entre tio e sobrinho | 2022

NOTA 9.0

Por Karina Massud @cinemassud 

“Tudo bem se você não está legal, se você está triste, perdido ou confuso. Está tudo okay se você chorar, não precisa ter vergonha disso”. Frases doces e reconfortantes como essas dão a tônica de “Sempre em Frente, drama familiar estrelado por Joaquin Phoenix, escrito e dirigido pelo diretor Mike Mills (“Mulheres do Século 20”, “Toda Forma de Amor”), e um dos filmes mais bonitos que eu tive o prazer de assistir ultimamente. 

Joaquin Phoenix é Johnny, jornalista que fica encarregado de cuidar do sobrinho Jesse (Woody Norman) enquanto sua irmã vai cuidar do ex-marido com problemas emocionais. O tio leva o sobrinho da ensolarada e colorida Los Angeles para a cosmopolita e fria Nova Iorque, numa trajetória de auto-descobertas, muito amor e questionamentos. O roteiro divide-se nesses dois focos: na relação sobrinho e tio numa rotina simples mas rica em lições; e nas entrevistas feitas por Johnny com crianças expondo suas visões de mundo, de futuro, problemas raciais e políticos que parecem um documentário em curta metragem.

A química entre Phoenix e Norman é perfeita, um tio meio sem jeito de lidar com uma criança de 8 anos perspicaz e divertida, que faz perguntas inteligentes e muitas vezes embaraçosas para tentar entender melhor o mundo dos adultos.  Phoenix entrega uma performance discreta porém maravilhosa, de um homem que enfrentou grandes perdas e segue em frente com serenidade - é chover no molhado dizer que ele é um dos grandes atores da atualidade. Jesse é um garoto adorável, que apesar da  pouca idade, tem dúvidas bem adultas sem ser uma criança chatinha. O ator mirim Woody Norman é talentosíssimo e dá conta de contracenar com Phoenix com brilhantismo, o seu personagem também é protagonista, e o que vemos são duas pessoas convivendo de igual para igual.

O diretor Mike Mills traça o perfil de cada personagem com calma e delicadeza, assim conseguimos entender suas decisões e motivações sem julgá-los. Porque o pai de Jesse fugiu, porque sua ex-companheira vai ajudá-lo, porque Johnny e a irmã se desentenderam depois da morte da mãe. Luto, separação, bipolaridade e desavença em família são tratados de forma natural.

A narrativa é cheia de sequências tocantes, momentos entre os protagonistas que vão tornando a conexão cada vez mais profunda. Noites de pizza regadas a piadas, o desfile onde o tio desmaia de cansaço (“e está tudo bem isso acontecer”) e é amparado pelo sobrinho, as brincadeiras antes de dormir e os longos papos sobre a vida: um aprendendo a ouvir o outro e ambos curando suas feridas emocionais.

A fotografia é bela e um pouco melancólica por ser em preto e branco, mas sem cair na tristeza que poderia devido aos temas pesados tratados, digamos que a mesma fotografia acaba conferindo mais leveza às cenas abertas dos arranha-céus de Nova Iorque, das praias na Califórnia e do carnaval em Nova Orleans. A trilha sonora de música clássica é sofisticada e potencializa a beleza das imagens e a riqueza dos diálogos.

Em “C´mon C´mon” (no original) não há exageros muito menos pieguices, sua história é simples à primeira vista mas extremamente forte conforme conhecemos os personagens, suas relações e dramas que certamente refletirão em muitos espectadores. E o final é lindo, enche os olhos e toca o coração. 


Super Vale Ver!




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