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'Tô Ryca 2' e as mazelas do dia a dia do cidadão trabalhador brasileiro | 2022

NOTA 6.5

Por Rogério Machado   

Samantha Schmütz é do reduto Niteroiense de onde saiu Leandro Hassum, Marcos Majela e o saudoso Paulo Gustavo. A marca do ator que nos deixou há alguns meses em função da Covid-19 é tão forte  (principalmente na geração mais nova do humor), que é possível afirmar com segurança que o intérprete da eterna Dona Hermínia fez  escola, e seu legado é visto a cada trabalho encabeçado principalmente por Majela ou Schmütz.  Esse humor característico tem gerado bons frutos, e o gênero que mais rende franquias no cinema brasileiro trouxe a sequência da história de Selminha S.O.S, que dessa vez discute mais problemas sociais que dizem respeito às classes que precisam viver com um salário mínimo. 

Selminha (Schmütz) está na área novamente e desse vez rica, esbanjadora e paga mais caro em tudo que quer e pode. O problema é que alegria de pobre a gente sabe que sempre dura pouco: uma homônima (Evelyn Castro) aparece do nada e se coloca como a herdeira legitima da fortuna de Selminha e vai brigar na justiça por isso. Os bens de Selminha são então congelados e agora sua única fonte de renda é a que a justiça concede até que o processo se conclua: um salário mínimo por mês, ou seja, trinta reais por dia. Mas Selminha já não sabe como viver na pobreza e pra piorar ela era a patrona da comunidade de Quintino, e com a sua falência toda a comunidade também acaba passando dificuldades. Contudo a Selminha guerreira, batalhadora, a tal brasileira que não desiste nunca, ressurge para resolver não só a sua vida, mas de todos que ela ama.

Sob a direção de Pedro Antonio ('Os Salafrários' - 2017) e com roteiro de Fil Braz, que tem longa estrada dentro da comédia nacional, a narrativa segue a máxima do exagero vista no primeiro filme, mas dessa vez com o foco na iniciativa do coletivo, na força da comunidade para driblar os problemas ao invés de esperar que a política aja em prol do povo. Essa abordagem foi usada com traços caricatos no primeiro filme, que, na minha opinião, deu mais matéria prima ao humor do que o argumento usado nessa sequência. 

O roteiro de Braz aqui também lança mão da crítica social - como os inúmeros problemas sistemáticos numa cidade como o Rio de Janeiro, que vão do transporte público até as inundações - mas infelizmente não chega a ser incisivo no discurso (através do humor, claro) assim como fez no primeiro filme quando criticou a classe política. Em função disso, faltam sequências que provoquem riso, e a produção só fica contando com o carisma de sua protagonista, que nem sempre consegue encaixar a piada. 

Mesmo a iniciativa (ou a falta dela) em trabalhar o mote da confusão de homônimos, acaba ficando vaga e subaproveitada, mas ainda sim é possível se divertir com os bordões e as caras e bocas da estrela que é cria de Nikiti City. 


Vale Ver Mas Nem Tanto!






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