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'Naquele Fim de Semana': a reiteração da trama de mistério protagonizada por turistas | 2022

NOTA 6.0

Por Alan Ferreira @depoisdaquelefilme

A figura do estrangeiro sempre serviu ao cinema de suspense. Estar num lugar desconhecido, precisando juntar peças de um quebra-cabeças rodeado por gente que fala uma língua incompreensível, amplifica o drama de quem precisa lidar com algum mistério. Alfred Hitchcock, por exemplo, cansou de lançar mão deste arquétipo em obras geniais como as suas duas versões de "O Homem que Sabia Demais" e "Intriga Internacional". Recentemente, a própria Netflix lançou "Beckett", projeto no qual John David Washington vive um turista norte-americano que é arremessado numa conspiração envolvendo política internacional em território grego. Agora, a plataforma de streaming volta a nos oferecer uma trama de mistério semelhante, na qual uma pessoa passa perrengue estando longe de casa, com este "Naquele Fim de Semana".   

Baseado no livro homônimo de Sarah Alderson - que também assina o roteiro -, o longa comandado por Kim Farrant traz Beth (Leighton Meester) numa viagem de férias à Croácia para visitar a melhor amiga Kate (Cristina Wolfe) enquanto seu marido cuida da filha recém-nascida em Londres. Parecia a oportunidade perfeita para a moça respirar, já que o casamento não anda bem das pernas. Só que tudo sai do controle logo na primeira noite de farra quando Kate desaparece e Beth, diante da inércia da polícia, vê-se obrigada a tentar descobrir por sua conta e risco o que aconteceu. 

Embora seja evidente aqui uma forte influência de Hitchcock, que sabia como ninguém criar e alimentar expectativas, geralmente através de engenhosos truques de linguagem nos quais o olhar funcionava como um prolífico manancial de armadilhas, a câmera de "Naquele Fim de Semana" parece mais preocupada em destacar as belezas do litoral croata, com um visual convidativo que deve ter deixado o departamento de turismo do lugar bastante satisfeito. Além disso, na contramão do que ensinou outro mestre, Arthur Conan Doyle, simplesmente o criador de Sherlock Holmes e de quem Hitch deve ter bebido horrores, o roteiro trabalha muito mal suas pistas falsas, direcionando sem muita habilidade as nossas suspeitas, especialmente ao conceber de forma equivocada tipos que beiram a caricatura involuntária, como ocorre com o gerente de hotel com cara e jeito de psicopata e com o policial extremamente machista. 

Inapto na articulação das ambiguidades - elemento fundamental para o gênero -, e com uma estética de cartão-postal, "Naquele Fim de Semana" encontra certo lastro no esforço de Leighton Meester ("Gossip Girl") de se provar como protagonista. É na interação de sua personagem com o taxista Zain (Ziad Bacri) que o filme encontra algum porto seguro. No entanto, sem um entorno que dê substância à jornada investigativa da moça, e com um terço final mais perdido que turista com GPS quebrado, fica difícil se envolver e guardar qualquer lembrança dessa viagem. 


Vale Ver Mas Nem Tanto!




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