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'Apollo 10½': uma viagem nostálgica e fantástica aos anos 60 e às memórias de seu criador | 2022

NOTA 8.5

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica 

Aparentemente, revisitar a juventude está na ordem do dia. Não que isso seja novidade no cinema, entretanto é notável como tramas nessa temática tem surgido com bastante frequência em um curto espaço de tempo, dentre eles os recentes 'Belfast', 'A Mão de Deus', 'Licorize Pizza', 'Luca' e 'Red – Crescer é uma Fera', todos retratam um período da infância ou adolescência de seus realizadores. Em ‘Apollo 10½’ é a vez de Richard Linklater seguir essa tendência, colocando em prática sua já conhecida e comprovada habilidade em rememorar o passado de forma inspiradora e poética, basta lembrarmos de “Boyhood”, projeto pessoal do diretor que ganhou notoriedade por ter levado 12 anos para ser concluído, uma das mais longas produções da história do cinema que, entre outros assuntos, trata da vida de um jovem desde seus 6 até os 18 anos de idade. É com essa bagagem que em seu novo projeto, um pedaço de sua própria história é compartilhada conosco, sem abrir mão do realismo e da fantasia que só os anos 60 é capaz nos proporcionar.

Sem mais delongas, essa nova produção Netflix acompanha Stan, o caçula de uma típica família dos subúrbios de Houston, local cede da NASA e ponto de partida para a famosa Apollo 11 e a histórica ida do homem à lua. Algum tempo antes, durante os preparativos, os responsáveis se dão conta que a capsula é pequena demais, levando-os a recrutarem nosso jovem protagonista e dando origem a uma missão teste intitulada Apolo 10½.

Basicamente podemos dividir o filme em três tipos, não apenas atos, mas de fato elementos e linguagens diferentes. Começando por um direcionamento quase documental do modo com que nos são apresentados os personagens e o papel de cada um na conjuntura não somente familiar, mas social e como elas se relacionam com seu tempo, especialmente na primeira metade onde o “conflito” é estabelecido e uma contextualização começa, esticada em demasia, porém conduzida de maneira fluída, em parte graças a narração em off de ninguém menos que Jack Black, emprestando seu carisma e tom cômico na medida certa, encaixando perfeitamente na atmosfera proposta. Em complemento, a narrativa ainda transita entre o real e o fantástico, com passagens de um lirismo digno de nota que só cresce com o uso da rotoscopia, técnica de animação que consiste em criar sequências animadas desenhando as imagens de um vídeo real, quadro a quadro, tornando esse um autêntico e primoroso “Feel-good Movie”.


Vale Ver!



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