'Sonic 2' entrega tudo que os fãs queriam e prepara um futuro promissor para a franquia| 2022
NOTA 8.0
Eu sou a virilha
Por Vinícius Martins @cinemarcante
O termo "Deus Ex Machina" é comumente utilizado nos meios cinematográficos para explicar o inexplicável, de um modo quase apelão. Um ótimo exemplo de seu uso está no terceiro ato de 'Toy Story 3', de 2010, onde os brinquedos aceitam seu trágico fim e eis que surge "o garra" para salvá-los. A Wikipédia define o termo como uma expressão latina de origem grega, que significa "Deus surgido da máquina" de forma literal, sendo utilizada para indicar uma solução inesperada, improvável e mirabolante para terminar uma obra ficcional. 'Sonic 2' tem diversas passagens onde o Deus Ex Machina se faz presente, mas não de modo pejorativo ou banal; aqui temos uma evolução que não deixa esse caráter se tornar cafona e nem tampouco parecer um escapismo fácil aos empecilhos criados pela própria trama. Novos poderes surgem com pontualidade e objetos inanimados reagem com interação voluntária de igual maneira, isto é, na hora em que nosso herói mais precisa - é isso, meus queridos, é justamente o que impõe a identidade do filme e denota sua inclinação à fantasia: o escape do impossível. É como se Deus (ou a Garra Longa, quem sabe) estivesse o tempo todo olhando por Sonic e alinhasse o universo inteiro para permitir sua sobrevivência, estendendo-lhe a mão nas horas mais difíceis.
Se a primeira adaptação de 'Sonic' (2020) aos cinemas se deu pela insistência dos fãs em adequar o visual enfadonho que Sonic inicialmente teria de modo a torná-lo mais fiel ao visual do jogo (inclusive tendo adiado o lançamento do filme em um semestre para reajustes no CGI, uma vez que o longa estava previsto para 2019), pode-se dizer também que 'Sonic 2' é um filho da pandemia. Tendo sido filmado e produzido inteiramente nos tempos da COVID-19, acaba sendo perdoável que algumas cenas (principalmente as de close nos novos personagens, Tails e Knuckles, este último em especial) pareçam estar carecendo um acabamento extra, um refinamento na qualidade dos efeitos visuais. Isso, é claro, não compromete o entretenimento que 'Sonic 2' traz, principalmente se for levado em conta o excelente trabalho de Jim Carrey na interação com os personagens digitais. Carrey por vezes parece uma caricatura de si mesmo, e é nítido o calor da diversão eufórica que emana de sua persona - muito em parte pelo entusiasmo oferecido pelo roteiro, que se estrutura como as fases de um videogame e emprega desafios seguidos por mais desafios, apresentando aos pequenos (que são seu público principal) referências a filmes clássicos como 'Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida' (1981) e 'Poltergeist - O Fenômeno' (1982), além de lançar curiosidade sobre o que significa "morte clichê".
'Sonic 2' é uma compilação de besteiras, risadas e piadinhas de quinta série, e isso é fantástico de se ver com a sala cheia. Estabelece-se uma jornada de herói para Sonic, com direito a frases de efeito à lá Tio Ben e alguns ensinamentos muito válidos sobre esperar a hora certa - aprendizado essencial para essa geração que almeja crescer com uma rapidez exacerbada. Sonic é um herói atípico, um velocista de outro mundo e um amigo a ser abraçado pela família toda - tanto nos cinemas como nos jogos. Fazendo graça com figuras públicas reais e ficcionais da atualidade (como Vin Diesel e The Rock, além do Soldado Invernal), o novo filme expande sua mitologia nas telonas e pavimenta o caminho para uma vindoura terceira grande aventura, que certamente será tão cativante quanto essa segunda. Veja com a família toda!
Vale Ver!
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