'Apresentando, Nate' : produção Disney flerta com musicais enquanto fala de diversidade | 2022
NOTA 8.5
Por Rogério Machado
'Apresentando, Nate', que estreou recentemente na Disney +, é uma aventura juvenil; isso é óbvio, mas o que se torna louvável na produção é o nível de profundidade que ela alcança não só por falar de sonhos ou de ir atrás de objetivos de vida, mas também por tratar com respeito e delicadeza uma questão que em outra mãos, talvez tivesse tomado rumos precipitados: a de abordar os sinais de homossexualidade ainda na infância (ou pré-adolescência) como é o caso do filme sob a direção de Tim Federle.
Nesse musical em potencial, vamos conhecer Nate Foster (Rueby Wood), um garoto de treze anos nada popular em sua escola no interior dos E.U.A. O menino tem fantasias vívidas de se tornar uma grande estrela musical da Broadway, no entanto, Nate não consegue nem mesmo descolar um papel decente nas produções dramáticas de sua escola, sendo escalado como uma árvore no refrão, em vez do papel principal que anseia. Quando ele e sua melhor amiga Libby (Aria Brooks, ótima por sinal) planejam uma arriscada viagem para Nova York sem o conhecimento de seus pais para uma audição para "Lilo e Stitch: O Musical", Nate pode estar prestes a realizar o sonho de toda uma vida.
Existe um trecho em especial em que Nate conversa com sua tia (Lisa Kudrow, uma ex aspirante ao mundo dos espetáculos) que muito me chamou a atenção e que representa muito o que afirmei na abertura desse texto sobre abordar com profundidade e delicadeza a descoberta da sexualidade e a compreensão (ou incompreensão) de quem vê essas transformações de fora: 'Eu sou o único menino da sétima série que conhece a letra de 'Corner of The Sky', não é justo...' diz Nate. 'Bem, tudo tem seu tempo... e eu garanto que você não é o único garoto que conhece todas as letras de 'Pippin', mas alguns ainda não querem que todo mundo saiba disso...' sua tia responde.
Pra quem não sabe, 'Pippin', de Bob Fosse, é um famoso musical adorado pela comunidade gay, e acaba sendo uma citação que vem bem a calhar por suas referências ao universo LGBTQIA+. Meninos não devem gostar de musicais, são taxados de menininhas se fugirem dos padrões pré estabelecidos - o bullying no ambiente escolar passou a ser algo trivial, e essa abordagem em 'Apresentando, Nate' é incisiva no discurso, ao passo que também é hábil em tocar na ferida com muito cuidado.
É bem verdade que como um musical em potencial (como me referi há pouco) o longa deixa passar algumas boas oportunidades de inserir canções ou ainda mais referências de musicais famosos, contudo é inevitável a magnética incursão do jovem Rueby Wood como o sonhador Nate, que aqui só deseja ser quem ele é e viver o sonho de ser uma grande estrela.
Vale Ver!
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