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“Contra o Gelo” - uma incrível luta pela sobrevivência abaixo de zero | 2022

NOTA 7.0

Por Karina Massud @cinemassud 

Muitas são as histórias de aventuras loucas e com pouca probabilidade de sucesso em terras gélidas, porém são poucas as produções baseadas nessas narrativas que rendem uma trama aflitiva e dramática. “Contra o Gelo” entretém quem gosta de jornadas insanas com ida, mas sem a garantia da volta. Baseado em “Two Against the Ice”, livro de memórias do capitão Ejnar Mikkelsen, o filme se passa em 1909 e narra a Expedição Alabama da Dinamarca, que queria refutar a reivindicação americana à Groenlândia e provar que ela pertencia à Dinamarca. O longa é produzido, roteirizado e estrelado por Nikolaj Coster-Waldau (o Jamie Lannister de “Game of Thrones”).

Deixando seu navio para trás, Mikkelsen parte com o mecânico e aventureiro inexperiente Iver Iversen na trajetória inóspita e longa. Transportados por trenós puxados por cachorros, os dois homens chegam à prova de que a Groenlândia é uma ilha. Quando parece que a missão foi cumprida e agora é só voltar, é aí que começam as dificuldades de verdade.

“Contra o Gelo” foi filmado na Islândia e usa poucos efeitos em CGI, o que dá mais credibilidade à trama que, apesar de ser baseada em uma história real, toma certas liberdades criativas que cabem muito bem, como o mapa escondido na pilha de rochas, o urso polar inteligente e a amizade entre o ajudante e seu cachorro (um ponto que causou polêmica, pois quando a fome apertava os cães serviam de comida)

O sofrimento em “Contra o Gelo” é intenso e deixa o espectador roendo as unhas, pois a morte parece iminente a cada sequência, com ataques do urso polar e alucinações causadas pela fome extrema, cansaço e frio. A desesperança dá a tônica na trama que, apesar de focar apenas nos dois personagens, navega pelos dilemas e pela mente de ambos, suas lembranças às quais se apegam, amores, filhos e a vida boa que ficou para trás; o apego e obsessão pela glória de conseguirem a façanha que ninguém mais conseguiu ou acreditava ser possível também está presente nos momentos de solidão. A química entre os dois aventureiros é ótima e a oscilação na relação entre eles garante o interesse do espectador - brigas, desconfianças e o medo de morrerem esquecidos naquele abrigo no meio do nada salvam a segunda metade do filme do tédio.

Apesar de não ter explorado todo o potencial que a história tinha, o novo longa da Netflix dirigido pelo dinamarquês Peter Flinth é satisfatório e deve agradar o público que curte expedições em lugares inóspitos.


Vale Ver!



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