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'Metal Lords' : um Coming of Age nos embalos do Rock and Roll | 2022

NOTA 8.0

Por Maurício Stertz @outrocinéfilo 

Quando Jack Black disse “o Rock and Roll é uma forma de enfrentar o ‘homem’” no clássico 'Escola de Rock', ele se referia a algo mais abrangente que apenas um estilo musical, é claro. Falava abertamente para as crianças da classe sobre a atitude e contravenção, sobre um estilo de vida que eles ainda não conheciam.

Parece piegas, mas o Rock surgiu em algum momento com esta premissa e esteve presente pela história, seja embalando a contracultura que varria os Estados Unidos na década de 1960, tempo em que o lendário Jimi Hendrix tocava Fire na sua guitarra pouco antes de incendiá-la ali mesmo, num grupo de jovens britânicos que faziam imaginar como seria o mundo se todas as pessoas fossem boas ou como os acordes pesados e igualmente sinceros de Slash que, por obra do destino, dividia o palco com um show-man de carteirinha, Axl Rose, numa das grandes bandas da história tinham tanto a dizer. Em pouco tempo o Rock And Roll se difundia. Exemplos não faltam, no tom, na forma e na atitude daqueles que assistiam de fora ao que era estabelecido e tentavam ‘falar’ pela arte. No Cinema, o mesmo. Foi essa geração que ‘salvou’ Hollywood na década de 1960, digamos, quando os estúdios tomaram conta das produções e vinham de mal a pior. Salve o Rock por isso, novamente.

Transporte esta premissa para 'Metal Lords' e ela se encaixa como uma luva para criar um paralelo preciso entre o Rock e o amadurecimento de Kevin e Hunter. É que os dois garotos desajustados encontram na música uma forma de desenvolver a espinha dorsal de suas personalidades, quando poderiam finalmente ter suas vozes, suas tribos e se rebelar em si pelas coisas que sonham.

Ser introvertido e diferente já me fizeram ter essas mesmas ideias, com uma banda de Rock and Roll e tudo mais, para que pudesse ‘falar’ com a interlocução que a música traz. Deu certo por um tempo. Hoje, ainda na introspecção externo meus pensamentos sobre o Cinema, o que é bem parecido, não é mesmo? Mas falemos do filme. O ponto de convergência com minha breve história é a criação de laços de identificação, mesmo por aqueles não tão familiarizados com o gênero musical, ao confirmar abranger, principalmente, as diferenças e como todos nós lidamos com elas.

E os dois realmente são diferentes e é por isso que se unem - o roqueiro sempre foi considerado o ‘outro’, aquele que esteve assistindo de fora-. Então o dueto musical de botas e camisetas pretas começa sua escalada musical até chegar a tão sonhada Batalha das Bandas, dia em que seriam ‘venerados como deuses’, diria Hunter empolgado. Após os ensaios, os garotos seguem suas vidas, lidam com as responsabilidades caseiras, conhecem garotas e se apaixonam.

A narrativa se desenha como uma jornada de aprendizado, parando no caminho para fortalecer os laços de amizade entre os dois garotos enquanto o tempo, a música e os sonhos testam seus limites. Como uma comédia, suaviza algumas convenções do gênero para que os acontecimentos importantes na vida dos personagens não percam sua força de argumento, se afastando da despretensão ao optar por ser mais maduro e seguro de si.

Sobre esta segurança, preciso comentar as atuações de Jaeden Martell (Kevin) e Isis Hainsworth (Emily) que entregam ótimos personagens, num casal simpático e desajeitado, mas é Adrian Greensmith (Hunter) que rouba a cena com seu jeito explosivo, cheio de atitude e igualmente assustado.  

E como era de se esperar, o plano de fundo carrega uma trilha sonora mais pesada, escolhida a dedo e embalada pelos clássicos, produzida inteiramente pelo lendário guitarrista Tom Morello (Rage Against the Machine), que é a cereja do bolo que afina a sintonia. Os clássicos embalam as cenas e criam o ritmo enquanto servem, na contramão, para uma ambientação nostálgica dos anos 1970 a 1990, transportando o espectador a uma época que possivelmente foi de amadurecimento também.

'Metal Lords' é um filme divertidíssimo. Coleciona momentos leves, emocionantes e, se deixar levar, faz o espectador se levantar e cantar junto com os garotos, mesmo sem ter a partitura de Machinery of Torment em mãos.

Preciso dizer que a nova geração do Rock está em boas mãos no Cinema.


Vale Ver!



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