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'Um Jantar Entre Espiões' traz Chris Pine numa trama de investigação e romance | 2022

NOTA 7.0

Por Karina Massud @cinemassud 

Em 2012 um avião foi sequestrado em Viena por terroristas chechenos que fizeram mais de cem passageiros reféns, exigindo em troca a soltura de presos no país. As negociações com a CIA acabaram em desastre e o grupo do serviço secreto formado por Henry (Chris Pine), sua colega e amante Celia (Thandiwe Newton), Bill (Jonathan Pryce) e chefiado por Vick (Laurence Fishburne) tomou decisões erradas e a situação acabou muito mal. Oito anos depois a investigação é reaberta pois surgiram novas informações que indicam que havia um traidor  que fornecia dados aos terroristas. A pedido de Vick, Henry vai interrogar Celia, o amor de sua vida, enfrentando não só o trauma passado, mas também os fantasmas de um relacionamento que tinha tudo para dar certo mas que virou fumaça.

O fio condutor da história é o jantar entre os ex-colegas de trabalho e ex-amantes que se reencontram nessa mesa de um restaurante elegante para descobrir a verdade. O interrogatório mútuo de Henry e Celia deixa de ser um thriller investigativo e passa a ser uma discussão da relação, do porquê aquele romance tão intenso ficou para trás sem explicações. O que poderia ser um suspense de espionagem eletrizante se torna um drama intimista de casal, com lentidão de olhares ao redor e de divagações em relação ao passado. Há algo de estranho no ar, não se sabe se pelos personagens suspeitos, pelo mistério da investigação ou pela descoberta que está por vir.

Baseado no romance homônimo, “Um Jantar Entre Espiões” (“All The Old Knives”, expressão que não tem um correspondente exato em português, mas poderia ser traduzida como “provocar velhos conhecidos”) foi roteirizado pelo próprio escritor do livro, Oleis SteinHauer, que usou e abusou de trocas de pontos de vista da história que tornam a narrativa um pouco rebuscada mas não menos atrativa.

A direção é do dinamarquês Janus Metz (da excelente minissérie da Amazon “ZeroZeroZero” e do longa  “Borg vs McEnroe”), que usa o recurso de muitos flashbacks picados entre os diálogos do ex-casal, deixando a reviravolta menos impactante do que poderia ser. Se a história pregressa fosse contada em uma ou duas partes teria sido mais explicativa e poderosa. A grande tragédia já aconteceu no passado e no presente só resta descobrir quem foi o gatilho para ela. 

A ambiguidade dos personagens garante o suspense e instiga o espectador. Quem seria o traidor? Havia algum interesse escuso por trás da decisão errada da CIA? Os diálogos são sofisticados e dúbios, fazendo com que todos os personagens sejam carismáticos e igualmente suspeitos da traição. Destaque para Jonathan Price (o Papa Francisco de “Dois Papas” e o Alto Pardal de “GOT”) sensacional como um espião veterano que sempre parece esconder algo e também é suspeito de ser o traidor. A química entre Henry e Celia é muito boa, temos uma bela cena de sexo que convence que o amor e o desejo entre eles eram intensos e genuínos.

Filmes de espiões com romance e suspense sempre agradam, e “Um  Jantar Entre Dois Espiões”, apesar de morno, satisfaz quem procura por algo do gênero com uma reviravolta bem interessante no final e reticências que aguçam do início ao fim.


Vale Ver!




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