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'Os Opostos Sempre se Atraem' sai do lugar comum graças ao carisma de Omar Sy e à forte crítica social | 2022

NOTA 7.0

Por Karina Massud @cinemassud 

Os “buddy cop movies” são produções que apesar de parecerem sempre iguais, divertem bastante se há bom elenco e boa produção. “Buddy cop movie” é aquele filme policial com muita ação e humor que tem como protagonistas uma dupla de policiais com personalidades opostas porém com muita química. Eles precisam desvendar um crime, lutar contra os bandidos e principalmente superar suas diferenças. O gênero bombou nos anos 80 e 90 e está aí até hoje rendendo bons clássicos como “Máquina Mortífera”, “Bad Boys”, “A Hora do Rush” e “48 Horas”.

Na comédia francesa “Os Opostos Sempre se Atraem”, Omar Sy (astro francês da série “Lupin” que estourou mundialmente com o filme “Intocáveis”) vive Ousmane Diakité, um comissário de policia certinho mas que quer resolver tudo sozinho e à sua maneira. Já o outro lado da dupla é o investigador François Monge (Laurent Lafitte, do filme “Elle”), um tenente mulherengo que vive na mansão dos pais e não consegue passar na prova pra ser promovido. Ambos já trabalharam juntos  mas ao que parece se separaram por rixas bobas com mulheres.

A trama começa quando um corpo mutilado é achado nos trilhos do trem em Paris, e o que parece um simples assassinato acaba por se mostrar uma teia sofisticada de crimes envolvendo nomes poderosos da política local. Aí a dupla de policiais se reúne novamente e vai à uma cidade do interior pra investigar o mistério, só que além do crime eles tem que lidar com uma comunidade homofóbica, xenófoba e preconceituosa ao extremo.

O filme tem um roteiro batido mas que funciona exatamente onde estão os clichês de filmes de duplas de policiais e também na denúncia do preconceito. A trama tem pitadas de comédia pastelão, ótimas sequências de perseguição, lindas locações em Paris e no interior da França, lutas em ringue, emboscadas e explosões. Sy e Lafitte são ótimos em cena e a narrativa é dinâmica, o que nos impede de cair no tédio ou achar que já vimos esse filme antes.

O mundo não anda um lugar fácil de se viver, a distopia chegou física e moralmente: temos pandemia, preconceitos de todos os tipos, guerras, neo-nazismo, fanatismo, racismo e outros “ismos” crescendo em ritmo assustador. Em tempos de governos extremistas e discursos de ódio (na França inclusive, que quase elegeu a candidata de extrema direita Marine Le Pen como presidente), nada melhor do que usar a comédia para criticar tais comportamentos inaceitáveis. 

“Os Opostos Sempre se Atraem” tem várias piadas sobre racistas, mostrando o quanto eles são grotescos e irracionais em suas ideias, colocando um dedo na ferida dessa questão tão grave e urgente da sociedade. Crítica essa feita com leveza e inteligência dentro do contexto de um filme de ação policial, o que é sempre bem-vindo, e só por isso o longa já tem o seu valor.


Vale Ver!







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