'X:' uma brutal carta de amor aos fãs do Slasher | 2022
NOTA 8.5
Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica
Definitivamente 2022 ainda não é um bom ano para o horror. Apesar dos próximos meses trazerem boas promessas com o retorno de nomes consagrados como Dario Argento, Cronenberg e Jordan Peele, até o momento apenas a franquia 'Pânico' alcançou algum apelo, mesmo dividindo opiniões. 'Fresh' teve boa recepção, entretanto, se limitou à época do lançamento, sendo praticamente esquecido depois de algumas semanas. Para nossa sorte ‘X’, novo longa metragem da A24, não só quebra o jejum como provavelmente vai figurar entre os melhores do gênero nos próximos anos.
Produzido, escrito e dirigido por Ti West, a trama se passa no fim dos anos 70 e acompanha um grupo de aspirantes a cineastas que decidem gravar um filme adulto na zona rural do Texas. O local escolhido é uma antiga fazenda onde moram um casal de idosos reclusos que nada sabem a respeito das verdadeiras intenções dos jovens, até que segredos são revelados e uma caçada sangrenta se inicia.
Os já iniciados na filmografia de Ti West conhecem o ritmo que ele impõe na narrativa, desenvolvendo aos poucos os personagens, elaborando motivações e uma crescente atmosfera de tensão até o tão esperado ponto de virada que geralmente chega somente após a primeira metade, algo não muito usual no subgênero slasher. O elenco sustenta muito bem essa condução cadenciada, cada camada inserida é palpável, dotada de muito realismo e plausibilidade. As performances funcionam especialmente enquanto grupo, com ótimas interações e a princípio sem foco individual, exceto no terceiro ato onde o protagonismo fica mais evidente. A atenção a detalhes como cinematografia, trabalho de maquiagem e efeitos visuais seguem o padrão de excelência da A24, servindo como degrau adicional ao alto nível da obra.
Longe dessa bobagem marqueteira de “Pós-Terror” ou “Terror elevado”, afinal os aspectos psicológicos estão contidos no gênero desde sempre, “X” estabelece um estilo impactante no qual vai muito além das cenas de violência explícita, optando no início pela sugestão e estranheza, plantando boas pistas e alimentando a dúvida, de modo que uma revisita a trama num outro momento pode ajudar na melhor compreensão de alguns enigmas. O longa tem pontos fracos, como diálogos expositivos, por vezes repetitivos e encaminhamento final forçado na tentativa de emplacar uma franquia, contudo são apenas detalhes de menor relevância que não estragam o projeto. Projeto esse nada revolucionário, tão pouco inovador, mas que vale cada minuto.
Vale Ver!
Deixe seu Comentário: