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'Aline - A Voz do Amor' : cinebio de Céline Dion é dinâmica e bem humorada | 2022

NOTA 8.0 

Por Rogério Machado 

Alguns projetos, por mais que não alcancem a seara da originalidade, se tornam fáceis de serem degustados pelas escolhas que tomam. Acredito que em 'Aline - A Voz do Amor', que chegou aos cinemas na última quinta, o pulo da gato na empreitada seja a atriz que defende a história, que por sua vez também toma as rédeas por traz das câmeras. Valérie Lemercier, também responsável pelo roteiro junto Brigitte Bruc, detém o brilho em potencial da produção pelo flerte com o cômico. Lemercier inclusive levou o César de Melhor Atriz e o longa teve outras oito indicações naquele que é considerado o 'Oscar' francês.

A trama tem seu ponto de partida em Quebec, na década de 1960, quando Sylvette (Danielle Fichaud) e Anglomard (Roc LaFortune) dão as boas-vindas a sua 14ª filha, Aline (Valérie Lemercier). A música é uma constante nesta família modesta e inevitavelmente a pequena Aline seria envolvida nos recitais que o clã promovia em casa ou em festas da família.  Quando um produtor descobre Aline e sua voz de ouro, sua ideia é uma só: torná-la a maior cantora do mundo. Apoiada por toda família e guiada pela experiência de Guy Claude (Sylvain Marcel) e pelo amor que ele tem por ela, Aline criará para para si um destino extraordinário que tocará o coração de milhões de pessoas. 

O longa que é livremente inspirado na vida da cantora canadense Celine Dion causou certa polêmica quando apresentado em Cannes: parte da família condenou a película por encontrarem ali desconexões com a vida real da cantora. Em resposta, Lemercier reafirmou o compromisso de uma homenagem sem necessariamente se ligar a fatos, já que nem os nomes reais de Céline ou dos demais personagens são usados na obra. Existe um momento curioso no filme em que o agente, quando apresentado a Aline, troca o nome por Céline e é prontamente corrigido pela mãe, vivida pela ótima Danielle Fichaud. Se isso se deve ao fato de se tratar (segundo alguns dizem) de uma cinebiografia não autorizada, nunca saberemos. 

A história da menina feia e de família numerosa e do interior que torna-se estrela, e na contramão de tudo e contra a vontade se sua mãe se apaixona por seu empresário, um homem muito mais velho do que ela, e ainda foi mãe tardia, não é nada que já não tenhamos visto antes,  mas o que torna 'Aline - A Voz do Amor' uma grata surpresa é a maneira como Lemercier se desvencilha das fórmulas prontas já vistas no gênero e desenvolve uma protagonista que consegue se descolar da personalidade da cantora. O tom cômico, principalmente no primeiro terço da projeção é providencial para que a cinebio não seja mais uma na multidão. É claro que na parte final, esse traço deixa de ser explorado em função dos dramas vividos por Aline, como a perda da voz e a dificuldade em deixar o filho para fazer os shows. Mas ainda sim, é louvável a opção pela montagem ágil e o ritmo dinâmico imprimido, mesmo com tantos hits a serem inseridos, canções que fazem parte do imaginário pop e que não poderiam ficar de fora como os grandes sucessos 'My Heart Will Go On' e 'All By Myself', canção de Eric Carmen que ganhou novo fôlego na voz da cantora.

Contudo, entre tantas canções icônicas, a escolha de Lemercier foi encerrar sua homenagem com 'Ordinaire', uma canção em francês presente num álbum de 2016 que leva Aline de volta às origens, já que no início de carreira ela gravou na sua língua nativa. Não atoa a canção traduz exatamente a mensagem que Lemercier pretende passar - sobre amor e entrega, mas sem deixar de colocar as escolhas e vontades na frente. Nada além do desejo de qualquer pessoa comum... Ordinaire.

'Vocês me veem como uma Deusa
Eu eu sou uma mulher, não uma princesa
Se eu puder lhes fazer uma confissão
É quando canto que me sinto melhor
Mas este tipo de trabalho é perigoso
Quanto mais se dá, mais o mundo quer..'


Vale Ver!







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