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'Arremessando Alto' : uma cesta de três pontos quando o assunto é divertir | 2022

NOTA 8.0 

Por Maurício Stertz @outrocinéfilo 

Dramas esportivos surgem aqui e ali recheados de algumas convenções do gênero, seja pelos  discursos motivacionais, os treinamentos desgastantes em busca do sucesso e a sensação de que a vida é feita de últimas chances. Ou você arrisca em busca dos sonhos que tem, ou a realização se distancia. Não é para menos que 'Arremessando Alto' parte deste ponto e por isso acerta em cheio, como uma cesta de três pontos no apagar das luzes (para manter à analogia ao tema), carregado por mais um papel dramático de Adam Sandler.

Adam interpreta Stanley, um olheiro de basquete responsável por trazer ao clube jogadores talentosos e joias pouco lapidadas. Sua vida de viagens o afasta de uma esposa atenciosa e companheira (Queen Latifah) e o crescimento de sua filha. Numa de suas viagens, Stanley conhece Bo Cruz, um espanhol que se sobressai pela habilidade e altura a todos os adversários das quadras e conta com uma bagagem difícil de se desvencilhar, caindo novamente sobre o local de uma "última chance" na vida.

Se parte de um lugar, a narrativa, igualmente, constrói a jornada dessa dupla com um ponto específico de chegada: o garoto jogar na liga americana de basquete sob os holofotes do mundo. É a deixa perfeita para que a relação entre os dois se estreite quase como codependentes, Stanley é o pai que Bo Cruz nunca teve e a preocupação com o garoto repete a importância que Stanley tem de cuidar dos outros.

O Hip Hop embala as idas e vindas de Stanley, reforçando, junto com o esporte como plano de fundo, um papel cultural diverso e único. As referências do esporte elevam ainda mais a experiência,  com a aparência constante de que foi gravado 'dentro' da liga, até porque Lebron James é um dos produtores desse filme.

Aliás, são tantas aparições de jogadores, dirigentes e pessoas ligadas ao esporte que 'Arremessando Alto' fará um fã de basquete terminar o filme com um sorriso no rosto. Sem sobreaviso, saltam à tela figuras como  Dirk Nowitski, Shaquile O’Neil, Doc Rivers, o próprio Juancho Hernángomez, jogador profissional que interpreta Bo Cruz, e tantos outros. O filme aposta nesse apelo a quem ama o esporte, mas, igualmente, as referências complementam a experiência e mesmo não familiarizado com o Basquete, a diversão é também uma constante. Vale cada minuto.

A direção de Jeremiah Zagar fica encarregada de criar o ritmo e o faz de maneira consciente e paciente, deixando no caminho alguns pontos de virada que proporcionam a urgência e um salto para a preocupação do público com Bo Cruz e sua trajetória, principalmente pelas dificuldades de seu passado fincado nas ruelas madrilenhas e com Stanley, por todo seu carisma como o ‘cidadão comum’. Inclusive, apesar das convenções que cito (e não de forma pejorativa, que fique claro), o final escapa ao tradicional, pelo menos um pouco.

Outra vez, como fez em 'Embriagado de Amor' e 'Joias Brutas', recentemente, Adam Sandler demonstra uma facilidade (celebrada pelos fãs) de escapar da comédia escrachada e acertar no tom perfeito ao personagem. Aos poucos o ator vai se consolidando em papéis como esse, despretensiosos e certeiros e que chamam, de vez, os olhos pra si, como um jogador ‘agora’ em ascensão.

'Arremessando Alto' é um filme simples, efetivo e muito divertido. Provando que com um roteiro bem estruturado e caminhando junto de uma boa montagem e fotografia, é inevitável o acerto para o drama esportivo. A derradeira cesta de três pontos. 


Vale Ver!




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