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'O Destino de Haffmann' expõe vergonha Francesa frente ao Holocausto na Segunda Guerra Mundial | 2022

NOTA 8.5

Por Rogério Machado 

Existe uma marca profunda na história da França quando pensamos no holocausto judeu. O termo 'sangue nas mãos' aqui ganhou o nome de Colaboracionismo Francês, que consistia em delatar judeus presentes no país. Com isso nasceu a famosa Resistência Francesa, que veio de encontro (e contra) essa prática, responsável por ceifar milhares de vidas durante a Segunda Guerra Mundial. 'O Destino de Haffmann', mais um dos excepcionais títulos presentes no Festival Varilux de Cinema Francês esse ano, tem como foco mencionar a colaboração francesa com o genocídio cometido pelos alemães entre os anos de 1940 e 1944. 

Estamos na Paris de 1941, onde acompanhamos a história de  François Mercier  (Gilles Lellouche), um homem simples que sonha em começar uma família com a mulher que ama, Blanche (Sara Giraudeau) e ser um designer de joias de sucesso. Ele trabalha para um talentoso joalheiro, o Sr. Joseph Haffmann (Daniel Auteuil), mas diante da ocupação alemã em território francês, os dois homens não terão outra escolha senão fazer um acordo que a princípio beneficiaria ambos, mas consequências  inesperadas perturbarão seus planos, ao menos enquanto a guerra durar. 

'Adieu Monsieur Haffmann' (título original muito melhor inclusive), lança mais um olhar sobre as agruras de um episódio inapagável da história mundial, mas mesmo com todo suspense em torno da personagem de Haffman, justamente por ser judeu e estar na mira dos alemães, o grande chamariz do longa de Fred Cavayé ('Os Infiéis' - 2012) em sua terceira parceria com Lellouche, são as relações construídas dentro da joalheria que passa a servir de esconderijo para aquele que um dia esteve à frente dos negócios e tinha grande talento para o ofício. A interação do  trio protagonista é magnética, daquelas parcerias em cena que saltam aos olhos e chamam o espectador para dentro da história. 

É incrível como Cavayé consegue criar uma narrativa fluida tanto fora quando dentro daquele bunker improvisado. O que a trama tem de melhor são os dilemas erguidos entre essas relações, nos dramas pessoais que se entrelaçam propondo debates sobre lealdade e moralismo. Alguns recursos corriqueiros para potencializar a tensão, como a inserção de cenas que ameaçam a descoberta do esconderijo, não chegam a ser um problema, já que o desfecho promove a quebra de situações previsíveis e recorrentes dentro do gênero. 

O veterano Gilles Lellouche, que tem três longas no Varilux esse ano, entrega mais um grande momento na carreira. 'O Destino de Haffmann' é um longa que traz à memória não só uma das tristes passagens que envolve a Segunda Guerra Mundial, mas ainda se firma como um drama envolvente, que discute empatia, masculinidade tóxica, sonhos interrompidos e, ainda que seja um drama pesado, pincela cores de esperança na tela. 


Vale Ver!




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