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'O Homem de Toronto' : Kevin Hart e Woody Harrelson formam boa dupla num filme mais divertido que “explosivo” | 2022

NOTA 6.0

A dupla perfeita existe? 

Por Maurício Stertz @outrocinéfilo

O Cinema sempre formou duplas de opostos declarados, por vezes travestidos em tramas de aprendizado, onde um complementa o que falta ao outro. É elementar, as personalidades se fundem em uma só e fazem com que os dilemas no caminho sejam ultrapassados com mais facilidade.  Na comédia, um leque é ainda maior para explorar, os opostos podem até ser extremos. Lembro rapidamente de Chris Tucker e Jackie Chan na franquia Hora do Rush ou Steve Martin e John Candy em 'Antes Só do que Mal Acompanhado' (1987).   

Em 'O Homem de Toronto', a fórmula parece a mesma. Teddy é um empreendedor daqueles que arrisca o que pode. Dentro do ramo fitness, tenta inventar aparelhos, fitas e até um esporte que julga fazer sucesso algum dia.  Mas Teddy é atrapalhado e seu nome virou verbo para quando as coisas dão errado. Por um erro (novamente) no dia do seu aniversário de casamento, acaba no lugar errado e o confundem com o Homem de Toronto, um temido criminoso que consegue as respostas aos seus contratados por meios pouco convencionais. O FBI logo descobre a lambança e se aproveita do desastrado como informante para desmantelar um esquema mundial.


Logo de cara Kevin Hart carrega o filme nos ombros. Sua naturalidade cômica contagia e deixa as cenas mais insignificantes pressionadas pelo humor que pede passagem a todo momento. Ele cresce em tela com facilidade. Por um acaso, Teddy acaba formando uma dupla com o canadense que dá nome ao filme, interpretado por Woody Harrelson. A dupla funciona na cartilha: se um é atrapalhado e pode explodir coisas sem querer, o outro é calculista e dinâmico e explode o que quer, quando quer. Além da função narrativa de juntar os dois, uma trama de aprendizado consciente é moldada. Enquanto Teddy sai de sua zona de conforto, o Homem de Toronto ganha alguns traços de bondade, ainda que temperamental. Está tudo nas entrelinhas, basta olhar.

Quando opta pelo tom cômico, o diretor Patrick Hughes, responsável por 'Dupla Explosiva', acerta em cheio. Mas se por um lado permite ser descompromissado, com diálogos e situações escrachadas nas falas apressadas de Kevin Hart, do outro, usa da seriedade para trazer a ação à cena. Há uma falta de balanço nesta relação e este é o “pilar” enfraquecido do conjunto.

As cenas rápidas e confusas, recheadas de uma computação gráfica atrapalhada e desnecessária, incomodam em certa medida. Não apenas pela qualidade, que cá entre nós, está bem abaixo do que o estúdio poderia proporcionar, mas pela dificuldade em 'conversar' com o restante do filme. É o ritmo que escancara estas duas engrenagens (comédia e ação) se acotovelando. Quando falo de cenas desnecessárias, poderia citar a explosão do avião, por exemplo, que não serve para quase nada na narrativa ou apenas provar que o Canadense não tinha limites. Não existe urgência ou tensão que a justifique. Não sei. Minha dica é: guarda esse dinheiro, Sr. Hughes, você precisava dele em outros momentos cruciais.

No saldo final, a despeito de alguns erros com a montagem e um roteiro cambaleante, 'O Homem de Toronto' consegue desenvolver uma boa veia cômica e divertir. É irônico pensar, porém, que a união entre a Comédia e Ação como uma dupla não funcione aqui, quando esta parece ser uma das motivações principais da premissa. O que falta para complementar a Comédia, não está no lado da Ação, o elo que enfraquece a experiência e afunda esta dupla. 



Vale Ver Mas Nem Tanto!







 


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