'O Jogo do Amor - “Ódio” ' : comédia romântica diverte apesar dos clichês I 2022
NOTA 7.0
Por Karina Massud @cinemassud
Se existem dois sentimentos opostos e ao mesmo tempo mais parecidos, eles são o amor e o ódio, que muitas vezes caminham juntos a um milímetro de distância. Taquicardia, boca seca, impulsos irracionais, obsessão por alguém e vontade de pular no pescoço, seja pra esganar ou pra tascar um beijo. Baseado no best-seller da escritora Sally Thorne (“The Hating Game”, O Jogo do Ódio em tradução literal), a comédia romântica 'O Jogo do Amor – “Ódio”', que acabou de chegar ao catálogo da Amazon Prime, conta uma história de amor, ódio e competição entre dois colegas de trabalho que tem que se aturar diariamente numa guerrilha divertida e sem sinal de trégua.
Lucy e Joshua são dois executivos de uma editora que recentemente passou por uma fusão para sobreviver ao mercado, e esse local de trabalho às vezes é complicado por ser sutilmente dividido entre feministas e machistas. Eles trabalham frente a frente na mesma sala, ela é mais despojada no modo de trabalhar e de viver, enquanto ele é super sistemático e engessado; essas diferenças unidas à disputa por uma promoção transformam ambos em arqui-inimigos. A rivalidade os faz passar o dia trocando farpas no jogo de ódio do título, e essa competição fica famosa na empresa, onde ninguém mais aguenta a guerra que afeta até a qualidade do trabalho da editora como um todo.
Através de uma virose Joshua e Lucy começam então um novo jogo: o de descobrir e mergulhar na intimidade um do outro - seus hobbies, suas histórias de vida, seus apartamentos, manias e defeitos. Altos e baixos numa amizade que parece improvável percorrem a trama, sempre com uma tensão sexual nas alturas. Sequências piegas e cafonas são obrigatórias no “quase-romance” dos protagonistas: a delicadeza e o romantismo de Josh e a frieza e objetividade de Lucy se contrapõem e invertem o padrão da mocinha ser melosa e o mocinho calculista.
Os clichês de comédias românticas estão todos presentes, afinal de contas, sem a fórmula do gênero talvez o filme não agradasse tanto o público que está em busca de diversão. Sexo insinuado, pequenos dramas familiares, uma terceira pessoa que estraga o namorico no meio do filme por causa de um mal-entendido bobo; e o principal clichê que é a rivalidade entre os protagonistas que se odeiam mas todo mundo vê que no fundo se amam e morrem de desejo um pelo outro. O filme não inova, apenas segue à risca o livro de sucesso no qual se baseia, e amparado na ótima química e no timing entre Lucy e Joshua, rende momentos adoráveis que todo mundo curte e se imagina nelas.
Apesar de se tratar de uma trama simples e despretensiosa, 'O Jogo do Amor – “Ódio”' traz uma reflexão poderosa e inevitável para os mais atentos: paixão e ódio são sentimentos que, por mais que se queira evitar, quando chegam são impiedosos. A solução é se deixar levar pela corrente, pois uma coisa é certa: eles não vão muito longe, uma hora passam.
Vale Ver!
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