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'O Resgate de Ruby': produção Netflix coloca uma cadela fofa para renovar nossas esperanças no mundo | 2022

NOTA  6.5

Por Eduardo Machado @históriadecinema

A rotina estressante de trabalho, obrigações e contas acumuladas para pagar podem nos levar ao desejo de um filme o mais descomplicado possível. Algo que possa nos trazer uma recompensa de satisfação, um vislumbre de uma vida melhor. Então, um filme sobre um homem feliz, com uma família feliz e um cachorro feliz, pode ser uma boa pedida, não?

A história é do policial Daniel O'Neil (Grant Gustin), que não quer nada mais do que se juntar à equipe de busca e resgate K-9, uma divisão da polícia que atua com cães. Acontece que ele nunca consegue ser aprovado no teste e, se for rejeitado mais uma vez, não será elegível novamente. No entanto, quando ele não sabe mais o que fazer, o destino faz com que ele cruze com Ruby, uma cadela que vive em um abrigo, sem um lar definitivo há meses.

O encontro é perfeito, pois tanto Daniel quanto Ruby são bastante subestimados em suas vidas. Ele é policial com dislexia e hiperatividade, que sempre teve que se esforçar mais do que os outros para atingir os mesmos objetivos, sendo desconsiderada sua resiliência e seu bom coração. No mesmo passo, Ruby é sempre dispensada dos lares em que é adotada sob o alegado motivo de que ela faz muita bagunça e não se adapta aos ambientes. Eles não sabiam, na verdade, que precisavam um do outro para mostrar o valor que têm. Mesmo não sendo da raça pastor alemão como os demais concorrentes, Ruby, que não tem raça definida, mas é metade Border Collie, tem a chance, juntamente com o seu tutor, de provar o seu valor para Matt (Scott Wolf), o chefe da unidade K-9, e iniciam um treinamento intenso para isso.

Uma das decisões técnicas mais inteligentes e criativas da diretora Katt Shea é a decisão de, eventualmente, enxergar o mundo pelos olhos de Ruby, com a câmera guiada, literalmente, pelo olhar da cadela, oferecendo aos espectadores um pouco da visão de mundo de Ruby. Também é interessante como usa uma fotografia de cores vibrantes e uma trilha musical animada, exacerbando o ar familiar do filme.

O ponto onde o filme escorrega é na profunda dependência do melodrama. Definir-se como um melodrama não é um problema em si, mas depender quase que exclusivamente do dramático pode tornar o filme às vezes entediante, como é o caso.

Apesar de mencionar, mesmo que de passagem, temas como assassinato e sequestro, o filme é, essencialmente, sobre pessoas decentes. Fantasia um mundo onde não há policiais corruptos e que não há espaço para aqueles que não amam os cães. Quem dera fosse verdade...


Vale Ver Mas Nem Tanto! 



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