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'A Garota da Foto' investiga um emaranhado de crimes devastadores | 2022

NOTA 9.0

Por Karina Massud @cinemassud 

O filão das produções “true crime”, aquelas que narram e investigam crimes reais, tem um público imenso e fiel. CSI, American Crime Story, Criminal Minds, as séries, filmes e podcasts do gênero são incontáveis, mas nenhum tão impressionante como o documentário “A Garota da Foto”.

O mistério dessa história começa com a descoberta de uma mulher gravemente ferida na beira de uma estrada em Oklahoma. Ela parece ter sido vítima de atropelamento, e morre logo depois de ser internada no hospital. Ela era Tonya Hughes (o nome pela qual a identificaram inicialmente), tinha 20 anos, era casada com um homem bem mais velho e tinha um filho, Michael. Mas isso é apenas a ponta do iceberg de um caso que vai ganhando contornos cada vez mais complexos. O que parece um crime sem solução se desenrola com dois objetivos: descobrir a verdadeira identidade da moça assassinada e o que aconteceu com o seu filho sequestrado.

A diretora Skye Borgman (de “Sequestrada a Lua do Dia”, também um ótimo documentário sobre um crime verídico) usou no longa o formato tradicional do gênero. O filme aborda a história com entrevistas de autoridades da cidade, do FBI, de pessoas que conheceram a vítima, de amigas da boate onde ela trabalhou e de parentes. Através dos depoentes vemos Tonya como sendo uma moça doce, amiga dos amigos e mãe exemplar, mas que parecia misteriosa, pois algo em sua vida familiar a fazia sofrer em silêncio. Existiam muitos segredos na vida daquela moça que nem mesmo ela conhecia. O grande trunfo da produção é essa mistura em boas proporções dos depoimentos emocionantes, vastas imagens de arquivo e de dramatizações da história. Não se apela pro sensacionalismo, as passagens violentas como estupro ou pedofilia são apenas sugeridas.

A cada dez minutos esse quebra-cabeças de horrores apresenta uma reviravolta mais chocante que a outra, e por isso envolve o espectador de tal forma que não lhe dá tempo de retomar o fôlego. Nos é mostrada uma sequência de crianças abandonadas, identidades falsas, famílias altamente disfuncionais e brutalidades de todos os tipos que dão ao filme uma aura de tristeza sem fim. Muitas e muitas vidas foram desviadas de um caminho feliz porque uma mulher se relacionou com o homem errado. Conclui-se que a maldade humana não tem limites, e em mentes psicopatas ela é capaz de atos dos quais até o diabo duvidaria. 

Um outro ponto curioso e que se destaca na história é a “Síndrome de Estocolmo”.  Ela acontece quando a vítima se afeiçoa ao seu agressor e em muitos casos até o protege, numa manobra de autodefesa insana da própria mente. A garota Tonya teve várias chances de denunciar o psicopata abusador mas nunca o fez, o que causou estranheza em várias das testemunhas de sua trajetória.

O caso já foi solucionado mas ainda assim há brechas para polêmicas e você certamente vai terminar o documentário incrédulo com a história e instigado a questionar vários pontos desse labirinto que ficaram no ar. O desfecho de “A Garota da Foto” é dolorido, e as cenas finais entregam um alívio amargo a todos.


Super Vale Ver! 




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