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'Os Amores Dela' desvela os altos e baixos de uma mulher demasiadamente livre | 2022

NOTA 7.5

Por Rogério Machado 

É notável como o cinema feito por mulheres e para mulheres tem crescido nos últimos anos, seja em que praça for. Pode ser que ainda sejam ecos do movimento Me Too, que juntamente com todos os protestos e apelos para erradicar a cultura do assédio no meio, ainda promoveu involuntariamente o crescimento da força feminina no audiovisual, que quase sempre relegava estrelas a papéis que, se não eram de ordem secundária eram usualmente  menor remunerados que os atores, ainda que essas mulheres estivessem em destaque em determinada produção.

Estamos no cinema francês, onde também se percebe uma ascensão de nomes de mulheres alcançando lugares cada vez mais altos. Não dá pra esquecer de uma proeza recente: a francesa Julia Ducournau conquistando a Palma de Ouro em Cannes no ano passado e com um filme de gênero! Resultado um tanto fora dos trilhos quando falamos nesse tradicional festival. Em 'Os Amores Dela', que estreia essa semana nos cinemas brasileiros, temos uma mulher  à frente da direção apresentando uma história sobre mulheres livres e sem medo, abertas pro mundo. 


A trama acompanha Anaïs (Anaïs Demoustier), uma jovem francesa de 30 anos que está completamente falida e mantém um relacionamento sério com um cara que acredita não amar mais. Tudo muda quando ela conhece Daniel (Denis Podalydès), que se apaixona perdidamente por ela. No entanto, o homem é casado com Emilie (Valeria Bruni Tedeschi), por quem Anaïs começa a nutrir uma grande admiração e interesse. 

Charline Bourgeois-Tacquet em seu primeiro trabalho já apresenta maturidade em levar essa história até ao público sem os maneirismos vistos em filmes do gênero. Muito antes dos desejos da personagem, vislumbramos o espírito sem amarras por trás dos impulsos de Anaïs, o que logo gera empatia por aquela mulher, independente do que ela venha a buscar para si. 'Os Amores Dela' tem muito da mulher do novo século, que não cria obstáculos para buscar coisas novas e coloca sua vontade acima das convenções. É difícil encontrar um rótulo para a produção, assim como é desnecessário colocar Anaïs numa caixa, é possível que isso incomode muita gente (até o público!), mas eu tenho quase certeza que ela está pouco se lixando pra isso. 

'Os Amores Dela', que segundo o site Indiewire é uma espécie de versão francesa do sucesso norueguês 'A Pior Pessoa do Mundo', peca no ritmo, mas se redime pela força de uma personagem tão magnética quanto fugaz. Se é possível ser isso tudo junto? Deixo com você, querido leitor e expectador, o veredito. 


Vale Ver!



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