'Entre Rosas' : uma história sobre paixões | 2022
NOTA 7.5
Por Karina Massud @cinemassud
Paixões são importantíssimas para qualquer pessoa, são elas que dão o brilho e a cor em nossa vida, que nos movem e que nos dão força pra superar os percalços do caminho. Uma pessoa sem paixões vive no automático e não sabe o que é ter um estímulo poderoso.
“Entre Rosas”, destaque no Festival Varilux de Cinema Francês 2022, nos apresenta Eve Vernet, uma produtora de rosas francesa cuja paixão pelas flores e a propriedade onde elas são cultivadas foram herdadas do seu pai; no entanto, devido à má administração e falta de modernização, ela está à beira da falência, prestes a ter seu negócio comprado pelo rival. Eve é expert em rosas, ela se dedica a cultivá-las artesanalmente mas mesmo assim não consegue mais vencer o grande Concurso de Rosas de Bagatelle, muito menos manter o negócio ou seus clientes, que a cada dia minguam mais. Mas ela é teimosa, obstinada e sobretudo ama seu ofício, e por ele vai tentar uma última cartada: se reerguer com a ajuda dos novos funcionários, ex-detentos que sua secretária Véra arrumou no programa de ressocialização.
Eve os ensina o cultivo das rosas, polinização, avaliação das pétalas e perfumes, e criação de espécies novas, em trechos fascinantes pros leigos em flores, uma arte delicada e bem específica que envolve quem a pratica. Conforme os personagens cultivam as rosas, cultivam também a amizade entre si e a esperança de que o dia de amanhã será melhor e de que tudo vai ficar bem. Eve também os induz a praticar uma pequena malandragem para enfrentar seu grande rival de igual pra igual, o que à primeira vista causa mal-estar, mas acaba sendo uma das sequências mais engraçadas do longa.
A vida de todos na trama é transformada de alguma forma. A dos três funcionários dá uma guinada com uma simples oportunidade de trabalhar e ganhar seu dinheiro com honestidade. Eles se sentem importantes, realizados, e incluídos novamente na sociedade, em especial o ajudante Fred, que descobre o dom do olfato apurado. E a vida de Eve, essa é tirada do limbo dos esquecidos e antiquados prum retorno glorioso de reconhecimento.
O cineasta Pierre Pinaud, que com “Entre Rosas” chega ao seu terceiro trabalho, nos conduz pela narrativa com fluidez e sem se aprofundar nas questões sobre o capitalismo selvagem que engole pequenos produtores ou na jogada imoral com que Eve decide resolver seus problemas - o roteiro tem uma ingenuidade que nos leva à simples diversão. As flores que enfeitam lindamente toda a trama servem de metáfora para as belas coisas da vida: as amizades, conquistas e afeto, que são alcançados com muita paciência, trabalho e disciplina.
“Entre Rosas” é uma história sobre novas chances e sobre não desistir do que se ama mesmo quando tudo parece perdido. Assista sem julgá-lo com rigor, é apenas uma comédia gostosa, um filme bonito e delicado que enche os olhos e o coração.
Vale Ver!
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