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'O Debate' : estreia de Caio Blat na direção aponta para o papel da mídia no jogo político | 2022

NOTA 7.0

Por Eduardo Machado  @históriadecinema

Interferir ou não interferir? Neutralidade? Isso existe? Esse é ponto de partida de “O Debate” filme de estreia de Caio Blat como diretor, lançado nos cinemas, não por acaso, na semana em que se iniciam as campanhas eleitorais pelo Brasil.

No longa, Debora Bloch e Paulo Betti interpretam uma dupla, que já foi um casal, de jornalistas políticos. Ela é uma âncora de renome que entende que o jornalista não pode ficar de braços cruzados enquanto o candidato de extrema direita mantém vivas as chances de ascender ao poder. Ele, por outro lado, pensa que não é papel do jornalista interferir na questão e, assim, inicia-se a divergência. A cada argumento dela, ele tem um contraponto, não para defender o atual presidente, candidato da extrema-direita, mas apontando equívocos do ex-presidente e de seu partido, que levaram ao cenário atual. 


A esta altura do meu texto, você já deve ter entendido que estamos falando do embate entre Lula e Bolsonaro, o qual o filme, embora não cite nomes, deixa claro desde o primeiro minuto. E os tópicos discutidos são todos atuais: a vacina, a corrupção, a gestão da pandemia. A sensação, muitas vezes é de estar assistindo a uma discussão política parecida com qualquer uma daquelas que enfrentamos diariamente, no trabalho, na escola ou entre amigos.

Mas a questão da interferência da mídia no resultado da eleição é crucial, pois não são apenas amigos conversando. São pessoas que podem interferir no resultado de eleições presidenciais, razão pela qual é necessário ter responsabilidade. Mas ficar neutro é a saída? Existe neutralidade diante do fascismo? Eles mesmo, no fundo, sabem que isso não existe. Para além da questão da responsabilidade midiática, o filme aborda, ainda que de maneira mais superficial, as agruras de um casal recém separado, mas que ainda mantém a amizade e o respeito um pelo outro.

“O Debate” é um filme interessante na medida em que nos faz esquecer, por alguns instantes, que aquilo é cinema, de tão próximo que está do nosso cotidiano. Todavia, tantas são as voltas sobre o mesmo tema, que consegue se tornar cansativo apesar da curta duração. A culpa não é só do filme, vamos ser sinceros. A política brasileira é que repete sempre os mesmos personagens. 


Vale Ver!



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