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'Predestinado - Arigó e o Espírito do Dr Fritz' reforça a importância do respeito ao credo alheio | 2022

NOTA 7.5 

Por Rogério Machado 

Antes de falar do mineiro José Pedro de Freitas, ou simplesmente José Arigó, é preciso ao menos introduzir Dr Fritz, presente desde o título do filme do cineasta Gustavo Fernandez. O homem foi um suposto médico que teria nascido na Alemanha mas logo cedo se mudou para a Polônia.  Fritz se formou em medicina com o próprio esforço financeiro, em 1914 foi convocado como médico na Primeira Guerra Mundial e lá desenvolveu formas de cura e práticas cirúrgicas espirituais usadas nos campos de batalha. 'Predestinado - Arigó  e o Espírito do Dr Fritz', que depois de muitos adiamentos finalmente chega às salas, conta como se deu a fama de José Arigó assim como as perseguições da igreja católica e da justiça. 

O longa acompanha a história desse homem que depois de um suposto chamado  tornou-se a esperança de cura para milhares  de pessoas ao redor do mundo. Arigó (Danton Mello), um médium que começou a operar milagres através de cirurgias espirituais na década de 1950, foi alvo de críticas por parte dos mais céticos e principalmente da igreja católica. Mesmo com toda perseguição, Arigó teve  o apoio de sua esposa, Arlete (Juliana Paes) e assim conseguiu cumprir sua missão através de pessoas que vinham todos os lugares. O homem que encarou a responsabilidade de ajudar sem receber nada em troca ou mesmo permitir a aproximação de abutres que visavam lucrar com suas curas,  é  reconhecido como um dos maiores fenômenos mediúnicos da história.

Praticamente um subgênero dentro do nosso cinema, com filmes como 'Nosso Lar' (2010), que inclusive ganhará uma sequência em breve, 'Predestinado' se insere num espaço que foi crescendo ao longo dos anos,  mas que quebra a muralha dos filmes de nicho justamente pela curiosidade que uma história baseada em fatos pode causar. Ainda que a trama possa não atrair quem não se interessa pelo espiritismo, a curiosa narrativa envolvendo a vida desse homem simples há de chamar atenção pelo fato de que, acreditando ou não, as histórias realmente aconteceram, mesmo que muitos não atribuam a Deus essas milhares de curas. 

'Predestinado' chega num momento onde a intolerância religiosa alcança níveis críticos no Brasil, e a direção de Fernandez, talvez até inconscientemente, propõe um providencial debate que aqui tem como antagonista a figura de um padre, interpretado pelo grande Marcos Caruso. A tônica do roteiro se divide entre quem acredita e procura a cura e quem persegue, seja por achar que era o diabo quem agia ou porque Arigó, diante da justiça, infringia a lei através do que chamaram à época de Crime e Curandeirismo, que ainda é marginalizado mas não mais perseguido, justamente pela perseguição esbarrar na lei  da constituição que dá liberdade de culto. 

Com distribuição da Paris Filmes, 'Predestinado - Arigó e o Espírito do Dr. Fritz', com roteiro de Jaqueline Vargas,  tem ares de  superprodução, notado facilmente através da exuberante fotografia de Uli Burtin  ou mesmo da trilha sonora  composta por Gus Bernard. É certo que os efeitos especiais, usados sobretudo durante as cirurgias espirituais, também impressionam, mas em contra partida, a maneira como escolhem ilustrar a conexão de Arigó com o Dr Fritz me pareceu simplória e literal demais, efeitos práticos desnecessários que ao meu ver desmistificaram um tanto além da conta a ligação do médium com o chamado poder superior. Ainda assim, há que se considerar como a produção se desvencilha dos vícios do gênero por focar na história em si e não em catequisar quem está do outro lado da tela. 


Vale Ver!







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