'O Predador: A Caçada': mais recente sequência faz ressurgir o brilho até então desgastado da franquia I 2022
NOTA 9.0
Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica
A década de 80 deu origem a diversas franquias extremamente lucrativas para a indústria do cinema, especialmente nos gêneros de ação, como 'Duro de Matar' e 'Máquina Mortífera', e no Terror, com 'Sexta-Feira 13' e 'A Hora do pesadelo'. Franquias que mantiveram relevância na década seguinte, mas que perderam força com a virada do milênio e contra todas as probabilidades vem retomando espaço nos últimos anos com algumas tentativas de maior e menor sucesso. Talvez o representante que melhor ilustre toda essa combinação de fatores seja a figura do 'Predador'. Com o primeiro longa lançado em 1987, se tornou um clássico instantâneo reunindo astros que transbordavam testosterona perseguidos por um monstro aos moldes de um bom slasher. Uma receita perfeita para as tendências da época, mas que rendeu continuidades cada vez mais fracas. Apesar do segundo ter um lampejo de originalidade, não obteve o resultado esperado. Uma terceira sequência, 20 anos depois, também fracassou, dessa vez com alguma injustiça pois se trata de um filme razoável, entretanto teve lançamento em uma época em que havia pouco interesse por esse tipo de abordagem. A quarta entrada na franquia foi um verdadeiro desastre, o que fez a maioria dos idealizadores darem um passo atrás e muito se falava sobre o fim da saga. Contudo uma nova chance foi dada: com orçamento reduzido e lançamento direto para o streming, ‘O Predador: A Caçada’ revitaliza a proposta desenvolvida até então ao mesmo tempo que revisita suas raízes, em uma das melhores e maiores surpresas do ano.
Na trama acompanhamos Naru, uma jovem comanche que almeja se tornar uma grande caçadora. Após um misterioso ataque, Naru percebe uma presença ameaçadora na floresta. Precisando provar seu valor como guerreira e desacreditada por seus pares, ela parte em busca da criatura que ameaça sua tribo e se depara com um perigo de proporções nunca antes visto.
A premissa soa familiar e de certa forma essa estrutura permanece durante toda projeção, tendo assim a previsibilidade como principal ponto negativo. Todavia, felizmente esse é apenas um aspecto dentre outros cuja qualidade atingiu patamares capazes de eclipsar qualquer deslize, a começar pela estética belíssima com uma fotografia capaz de dar a real dimensão de escala que a produção necessita, apresentando uma floresta de grandes proporções além de um contraste entre a beleza e os riscos que ela apresenta. O longa faz bom uso de cenas noturnas uma vez que o CGI tem problemas, deficiência essa mais perceptível nos animais, quase todos feitos em computação gráfica, fazendo-os realizar movimentos robóticos que podem causar estranheza. Já o Predador recebeu toda atenção possível, impecável dos detalhes dos novos “gadgets” ao rosto característico e assustador.
A violência apresentada atende perfeitamente a proposta, afinal, com um duelo assimétrico como esse, onde uma raça alienígena encara um povo indígena do século XVIII, as ações não poderiam ser estilizadas a la Tarantino nem “higienizadas” a la Marvel, portanto, em acordo com o realismo exposto desde o princípio, o sangue jorra na medida certa. A escolha do elenco não poderia ser melhor, com todo ele de origem comanche e com evidente destaque para a protagonista vivida pela talentosa Amber Midthunder, que entrega uma performance competente - não tanto nas partes mais emotivas, mas com muito gás a despeito da fisicalidade necessária das cenas de combate, sequências muito bem coreografadas por sinal.
Uma vez sem rumo, “O Predador: A Caçada” coloca a franquia de volta aos trilhos, prova disso é a recepção muito positiva por parte de público e crítica, além de já ser o maior lançamento Hulu nos EUA até a presente data. Se esse sucesso vai gerar mais desdobramentos não sabemos ainda, mas é sempre muito gratificante ver uma nova produção, derivada de um clássico, ter sucesso de forma honesta, sem recorrer à nostalgia barata. A julgar pelos projetos nos mesmos moldes que teremos em breve, fica a esperança que esse caso raro sirva de inspiração.
Super Vale Ver!
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