'Papai é Pop': comédia dramática é cartilha de como (não) ser pai | 2022
NOTA 8.0
Por Rogério Machado
Será que existe manual de instruções pra ser pai? É fato que pra nada nesse mundo existe receita pronta, e tudo na vida a gente aprende vivendo, passando pela experiência, inda mais para encarar a paternidade. É sobre isso que se trata 'Papai é Pop', que estreou semana passada nos cinemas. O longa inspirado na obra homônima de Marcos Piangers, que exerce com êxito não só a função de escritor mas também como palestrante motivacional em diversas áreas de atuação, é uma comédia dramática como poucas vezes vimos por aqui.
Na história conheceremos Tom (Lázaro Ramos) e Elisa (Paola Oliveira), que veem suas rotinas se transformarem completamente com o nascimento de Laura (Malu Aloise). A adaptação de Tom à nova vida interfere não só na rotina como no vínculo do casal, além de mexer com a relação de Tom com sua mãe, Gladys (Elisa Lucinda), que o criou sozinha. Tom vai ter que aprender a ressignificar tudo em sua ordem de prioridades e encarar a importância de uma paternidade ativa. Até que isso venha a ocorrer, muitas serão as brigas com a esposa, que não entende porque não é amparada pelo marido quando ela mais precisa.
Porque mulheres tem que se adaptar à maternidade da noite pro dia? Será que já nasceram prontas e aos homens falta o instinto? Essas e outras muitas questões são levantadas com a sensibilidade ímpar de Caíto Ortiz ('O Roubo da Taça' - 2015), que à partir do roteiro do próprio Piangers em parceria com Ricardo Hofstetter, desenvolve uma comédia delicada e repleta de camadas, que aos poucos vai se transformando sutilmente num drama que promove reflexões profundas sobre responsabilidades, perdas e abandono. O equilíbrio entre dois gêneros tão distintos é um dos grandes acertos da produção.
Um pai desconhecido. Um pai ausente de corpo presente. Um pai solo. Três faces de uma mesma moeda dividindo a nossa atenção e colocando o público pra pensar. Ortiz extrai o máximo da humanidade de cada personagem e alcança resultados muito orgânicos na retratação do ambiente familiar, muito graças à versatilidade de Lázaro Ramos e na boa dobradinha com Paola Oliveira. Já na sequência final, a maneira plugada como efetiva a mensagem, usando um canal do YouTube para difundir uma ideia, mostrando a conversão nos caminhos do protagonista, que lança mão da internet (para o bem) como ferramenta, é um dos atributos positivos que acabam por fazer com que o filme converse com todos os públicos, sobretudo os jovens.
'Papai é Pop' nos mostra que pra viver a paternidade não precisa ter conhecimento prévio. Não tem faculdade, nem curso específico, basta ceder tempo e amor. Parece clichê, mas confie, o longa de Ortiz dá o recado sem quaisquer vícios ou maneirismos já vistos no gênero.
Vale Ver!
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