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'Boa Noite, Mamãe': Naomi Watts é destaque em remake desnecessário | 2022

NOTA 5.0

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica

Nos anos recentes, cada anúncio de novo remake ou reboot vem carregado de muita desconfiança e prejulgamento. Por um lado, a cautela é compreensível dado a quantidade de produções de qualidade duvidosa que se aproveitaram unicamente de um nome ou franquia consolidada, porém, o cinema está muito mais relacionado a forma do que conteúdo, possibilitando novos modos de contar a mesma história. Existem grandes clássicos que são releituras de obras anteriores, como ‘Scarface’, ‘A Mosca’ e até casos mais recentes como a trilogia ‘Planeta dos Macacos’. Entretanto, os trabalhos que deram certo em algum nível apresentam um padrão, já que todos tiveram uma distância entre eles bastante considerável, de modo que as justificativas para mudanças se sustentam, sejam avanços tecnológicos, de contexto social ou até mesmo mudanças no nosso código moral. Dito isso, onde estaria a necessidade da revisita a um projeto de lançamento ainda recente? ‘Boa Noite, Mamãe’ é um remake do longa austríaco de mesmo nome que em 2014 teve grande repercussão, sendo na ocasião o escolhido para representar o país no Oscar. O que teria em tão pouco tempo mudado na indústria cinematográfica e no mundo que justificasse a existência desse projeto foi um mistério até momento, contudo para responder bastaram quinze minutos de projeção: absolutamente nada.

Na trama acompanhamos Elias (Cameron Crovetti) e Lukas (Nicholas Crovetti), irmãos gêmeos inseparáveis cuja mãe (Naomi Watts) se recupera de uma cirurgia estética. Com o rosto coberto por uma máscara protetora, ela começa a apresentar comportamentos incomuns, despertando nos meninos a desconfiança sobre sua real identidade.

Naomi Watts é destaque, porém desempenha esse papel sozinha até o fim. A atriz tem experiência no gênero e bons remakes no currículo como “O Chamado” e “Violência Gratuita”. Aqui ela entrega boa interação com a dupla de jovens e se sai bem ao encarnar uma personagem que ora inspira desconfiança, ora empatia. Transitando entre esses opostos, a construção da mãe consegue deter a atenção e proporcionar alguma camada de apreensão mesmo quando não está em cena, embora sejam esses momentos, os de sua ausência, os de maior desequilíbrio do filme. Não é que os irmãos Crovetti tenham um mal desempenho, entretanto a subjetividade que seus personagens demandam pouco condiz com o direcionamento do roteiro, problema que Naomi contorna com maestria, mas que a inexperiência da dupla de atores mirins ainda não alcança. Talvez no desequilíbrio e no ritmo estejam as maiores fraquezas do filme. Se antes, em 2014, tínhamos um direcionamento pouco expositivo, beirando o etéreo, em 2022 quase nada é mostrado e tudo verbalizado, com direito a flashback explicativo nos últimos 10 minutos, apagando de vez qualquer traço de sutileza.

A discussão sobre validade ou necessidade pode parecer extremamente pretensiosa, todavia se tratando de um remake ou reboot, as comparações são inevitáveis e se temos dos dois lados uma premissa exatamente igual, pouco sobra em defesa daquele que carece de originalidade, pois, não tendo ele acrescentado nada, resta apenas um exercício preguiçoso que evidencia cada vez mais as reais prioridades da indústria cinematográfica americana.


Nem Vale Ver!





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