Adsense Cabeçalho

'Samaritano' : Sylvester Stallone se esquiva de um filme de super-heróis batido | 2022

NOTA 7.0

Por Maurício Stertz @outrocinéfilo 

Um fenômeno consideravelmente recente arrisca a formulação do que seria um novo gênero cinematográfico, quando analisada a revolução dos filmes de super-herói encabeçada pela Marvel. Cabe dizer que os gêneros se delimitam pelo acúmulo de convenções (chamadas pejorativamente de ‘clichês’) que apresentam em si. Um filme de Comédia, por exemplo, está contaminado por um pensamento satírico ao encarar uma realidade específica e este traço indica a propensão a estar debaixo do grande guarda-chuva. Dito isso, a contar o heroísmo nos recentes blockbusters, poderiam eles se aglutinar como pertencentes a um só gênero?

É a reflexão, primeiro, sobre uma padronização produtiva. Pois nada mais é novo, até 'Samaritano' ser. Mas a primeira pergunta que me vem à mente é: o que faz um super-herói, altruísmo ou oportunidade? A resposta encontrada aqui serve como um guia para entender as motivações humanas detrás dos trajes e como cada um lidará com os superpoderes (nada humanos). E a produção da Amazon Prime, à primeira vista, se esquiva (à la Rocky) deste gênero por não replicar o Cinema de heróis que estamos plenamente acostumados a esta altura e em momento algum planejo compará-los – é cada um com a sua capa.

É que o Samaritano e seu rival Nêmesis, não têm o carisma instantaneamente adquirido, um traje chamativo ou mesmo os milhões investidos de outras produções. A história que serviu de base (e virou quadrinho mais tarde), é recente e sabemos bem que personagens novos precisam conquistar sua empatia como qualquer outro. Aqui, os superpoderes não abrem portas, necessariamente. Não adianta insistir.

A trama acompanha o garoto Sam que acredita fielmente que seu vizinho, o Sr. Smith, interpretado por Sylvester Stallone aos 76 anos, que inclusive serve de oportunidade para falar de etarismo na indústria e na vida, é o Samaritano, um herói supostamente morto na luta final com seu arqui-inimigo.

Desde a introdução dos personagens, a narrativa estrutura um grand finale pensado e o ponto no horizonte é o duelo de opostos, o mocinho e o vilão, como dois lados de uma moeda nem tão diferente assim. O caos em 'Samaritano', porém, surge das sombras da cidade. Nada de ameaças alienígenas ou destruidores de mundos ‘impossíveis’ com o recordes impecáveis de vitórias. Esta é a receita para posicionar pedras sob o trajeto de Smith, reforçando que o mundano (ao lado do profano), merece a devida atenção, junto da necessidade de abandonar a aposentadoria e voltar ao mercado.

A contar o orçamento, as cenas de ação são encurtadas pela montagem e, por isso, o roteiro e a ambientação por onde Smith vaga solitário servem para deixar a história igualmente interessante até a chegada de um plot twist bem interessante que fecha essa conta. 'Samaritano' tem a coragem (típica dos heróis deste tipo) de tentar algo diferente, pelo menos.

Enquanto oportunidades, uma delas é a do espectador ver Sylvester Stallone como um super-herói e mentor (novamente), diferente do 'capitão patriota' de alguns de seus filmes das décadas passadas. Apesar das adversidades e da concorrência que 'deveria' combater, 'Samaritano' chega despretensioso, insere boas sequências, heróis menos convencionais, traz Sly de volta a um papel mais dramático, livre para desferir seus jabs ocasionalmente, e consegue divertir num bom filme do gênero. Seja este qual for. 


Vale Ver!



Nenhum comentário