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Festival do Rio : 'Raymond & Ray' | 2022

NOTA 8.0

Por Rogério Machado

Falar da morte ainda causa muito desconforto pra muita gente. Aparte todos os conceitos que implicam religiões ou seitas, o fato é que a máxima que habita na boca de todos que estão nesse plano é que ninguém está preparado para morrer, ou fazer a passagem como dizem os espíritas. A morte já foi retratada em gêneros dos mais diversos dentro do Cinema, e em 'Raymond & Ray' a aposta percorre os caminhos da comédia dramática. Nada melhor do que rir de si mesmo para encarar o que consideramos ser um  capítulo intocável nesse grande livro que é a vida. 


Nessa trama tão comovente quanto hilária, vamos conhecer os  meios-irmãos Raymond (Ewan McGregor) e Ray (Ethan Hawke), que sempre  viveram nas sombras de um pai detestável. Depois da notícia de que o velho finalmente partiu dessa vida, com alguma  espirituosidade, eles encontram, justamente no período  do funeral do pai,  a chance de se reinventarem e se reencontrarem enquanto homens.

Rodrigo Garcia, (do recente 'Quatro Dias com Ela' e 'Questão de Vida') manuseia com muita habilidade tudo que está ao redor de um momento como esse, não só as demandas de efeito prático como o testamento ou a escolha do caixão, mas também os  melindrosos sentimentos envolvidos, ressentimentos que vem do passado para elevar a temperatura do momento. Junto a isso, novos personagens vão acrescentando elementos cômicos com uma abordagem muito peculiar, como o fato de, entre os desejos do falecido, estar uma tarefa deixada por escrito - os dois irmãos deveriam  cavar a cova do pai. Entre tantas outras  descobertas que vão sendo salpicadas aqui e ali, essa é somente a ponta do iceberg que os dois terão de encarar. 

Para a grande maioria das pessoas, a morte, pra quem fica, significa  dor e choro, mas  em 'Raymond & Ray' a morte também traz um punhado de surpresas, revelações e ações hilárias, que será impossível não se comover enquanto ri. O talento de dois gigantes como McGregor e Hawke faz total diferença nessa comédia dramática - os momentos de explosão vêm seguidos de uma bonança desconcertante. Um equilibrar de pratos, com altos e baixos,  e interpretações com nuances que só a experiência traz. 

Com tudo que se abre à frente desses dois irmãos com a ida desse pai, é certo afirmar que a morte pode não ser exatamente o fim do caminho. Seja pra quem vai, ou pra quem fica. 



Vale Ver!



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