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'Cha Cha Real Smooth - O Próximo Passo' : Dakota Johnson e Cooper Raiff brilham em filme para a família inteira | 2022

NOTA 8.0

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

O Festival de Cinema de Sundance acontece todos os anos no mês de janeiro, em Utah, nos Estados Unidos. É o maior festival de cinema independente daquele país e uma grande oportunidade para pequenas produtoras conseguirem boa distribuição e dinheiro com seus filmes. Não raro, filmes vencedores em Sundance tornam-se também campeões no Óscar, tal como aconteceu com “Minari” (2020) e “No Ritmo do Coração” (2021), este último, que, adquirido pela Apple no festival, abocanhou o prêmio de melhor filme da Academia. Em 2022, a Apple não quis mexer em time que está ganhando e concluiu a aquisição de “Cha Cha Real Smooth”, uma comédia dramática tão inclusiva quanto o último vencedor do Oscar, por U$15 milhões.

Apesar dos paralelos, parece haver pouca chance de que o adorável 'Cha Cha Real Smooth' siga os passos de “No Ritmo do Coração” até o Oscar de melhor filme, o que, convenhamos, não é nenhum demérito. O longa roteirizado e protagonizado por Cooper Raiff com auxílio luxuoso de Dakota Johnson adota uma abordagem interessante sobre os dilemas da vida adulta e tem tudo para capturar o espectador.  

Cooper Raiff interpreta Andrew, um jovem que, logo após concluir a faculdade, não consegue obter a independência financeira desejada. Assim, ainda vive com a sua mãe (Leslie Mann), seu irmão mais novo (Evan Assante) e seu padrasto (Brad Garrett), com quem não tem lá a melhor das relações. Quaisquer que fossem os sonhos que Andrew tivera quando criança, ele definitivamente não está vivendo esses sonhos. Tentando ainda encontrar o seu lugar no mundo, o rapaz se encanta por Domino (Dakota Johnson, que pasmem, cresceu a ponto de interpretar a mulher mais velha da relação) mãe da autista Lola (Vanessa Burghardt).

A ocasião em que ele conhece mãe e filha merece um destaque especial. Andrew precisa acompanhar o irmão mais novo em uma festa de Bar Mitzvah pela cidade. Entediado com a passividade das crianças na festa, ele passa a animá-las e consegue até um emprego como animador. Percebendo Lola em um canto usando fones de ouvido sem interagir com os demais, ele toma como meta levá-la à pista de dança e a maneira com que ele faz isso é magnífica devido à sua honestidade para com a menina, sem ser, ao mesmo tempo, condescendente com ela. Ele, literalmente, a enxerga. Assim ele leva e conduz também o espectador, como também leva Domino para perto de si. Aqui, é impressionante notar como o texto de Cooper Raiff, um jovem de apenas 25 anos, é bom a ponto de permitir que ele abrace certos clichês, sem, em contrapartida, deixar de nos contar algo novo.

Dakota Johnson continua sua série de performances maravilhosas, destacando-se como o novo rosto do cinema indie em filmes como “Falcão Manteiga de Amendoim”, “Persuasão” e “A Filha Perdida”. Aqui ela interpreta uma mulher que, inicialmente, parece triste e solitária, desejosa de se entregar à liberdade permitida somente a Andrew, mas que, no fim, demonstra enorme senso de responsabilidade. Como ator, Cooper Raiff possui uma presença incrível e confortável, mas, por vezes, pode exagerar nos elogios a si mesmo. Uma crítica difícil de se fazer quando se tem tanto talento aos 25 anos.

Fato é que Cooper Raiff parece ser o tipo de cara que tem o dom inato de fazer coisas simples com charme, o que dá vida às cenas e consegue fazer com que um filme sobre dilemas de um homem branco, heterossexual e de classe média não pareça presunçoso. Um filme sobre saber reconhecer os privilégios da vida, de viver e saber que, ainda assim, é preciso fazer escolhas difíceis.


Vale Ver!



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