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'Depois do Universo' : um drama juvenil que vai conquistar todas as idades | 2022

NOTA 7.0

Por Karina Massud @cinemassud 

O sucesso de um filme é algo inexplicável, que pode ter bom roteiro, diretor, um elenco estelar e ser um fiasco de público. Assim como pode ter uma produção modesta, de roteiro batido e protagonistas desconhecidos e  ser um grande sucesso. Existe aquele “fator X” que não se explica e que faz de algumas produções modestas grandes êxitos de audiência; é o caso de “Depois do Universo”, filme nacional dirigido por Diego Freitas que está entre os mais vistos do catálogo da Netflix, isso em âmbito mundial. 

Nina é uma jovem e talentosa pianista que descobre ter lúpus, uma doença autoimune que a obriga a fazer hemodiálise até que chegue sua vez de fazer o transplante de rim. Quando inicia o tratamento, ela se depara com o carismático residente Gabriel, e ali começa uma amizade que tem  clichês como obstáculos: a doença em si e a proibição do médico de se relacionar com a paciente.

A cantora Giulia Be e o ator Henry Zaga são lindos, tem uma ótima química e convencem como dois opostos que se atraem: a moça pessimista que titubeia pra ingressar no concurso pra solista da orquestra e o médico otimista que procura dar um tratamento humanizado aos pacientes, apesar do pai rígido que dirige o hospital. Porém a profundidade psicológica do casal para por aí, apesar de ter um grande potencial que foi subexplorado, assim como a relevante questão da doação de órgãos. A tensão sexual entre eles vai crescendo gradativamente, com passeios de bicicleta, conversas bobas de apaixonados e momentos de aprendizado mútuo; e, quando ela finalmente explode, rende uma ótima cena de amor. A fotografia é cheia de efeitos psicodélicos para dar ares modernos e justificar o “depois do universo” do título e da música-tema interpretada pela própria Giulia Be, só que ao invés disso dá um tom de cafonice que destoa do restante da trama

O hype em torno do filme se explica pela primeira metade, que cativa e instiga bastante o espectador, pois parece uma comédia romântica com muito a ser resolvido: o romance de Nina e Gabriel, o transplante de rim, o conflito entre pai e filho e a seleção pra Orquestra Sinfônica de São Paulo. Já a segunda metade perde o ritmo gostoso do início e erra nesses desfechos tão aguardados, com reviravoltas melodramáticas e rápidas que forçam um choro que não chega, ao menos para mim.

O subgênero “romance de adolescente doente”, que tem em “A Culpa é das Estrelas” (2014) seu maior expoente, parece estar se esgotando. “Depois do Universo”, apesar de envolver bastante, talvez seja mais um filme genérico e mais um sucesso passageiro da Netflix.


Vale Ver!



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