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'Garota do Século 20' emociona ao ir além dos clichês românticos | 2022

NOTA 8.0

Por Karina Massud @cinemassud 

Eis que, em pleno domingo ensolarado, eu me pego torcendo pra um casal de adolescentes ficarem juntos, driblarem todos os percalços e terem um final feliz digno de novela. “Garota do Século 20”, drama adolescente sul-coreano, me despertou tal emoção ingênua e reconfortante, como se eu tivesse voltado no tempo e fosse uma menina assistindo Sessão da Tarde com as amigas de escola.

“Garota do Século 20” se passa em 1999, último ano antes da virada do milênio; quando acompanhamos a história da adolescente Na Bo-Ra, que promete a sua amiga Yeon Du vigiar diariamente o seu crush enquanto ela está nos EUA para fazer uma cirurgia cardíaca. Mas, como no coração não se manda, as coisas fogem do controle e ela se apaixona pelo menino que está stalkeando. Até que Yeon Du volta pra casa e Na Bo-Ra decide sacrificar seu amor pela amizade e deixar o caminho livre pra amiga.

Inspirada em histórias pessoais da diretora e roteirista Bang Woo-ri, a narrativa traz uma visão agridoce do amadurecimento, das alegrias e anseios da adolescência, junto da nostalgia do final do século 20 e das incertezas em relação ao novo milênio. O filme também tem o cuidado de dar ao romance colegial o ar de algo complexo, e realmente o é sob a visão juvenil. 

Não há caricaturas nos cenários dos anos 90, apenas a falta do celular e o uso do pager e do orelhão já são suficientes pra nos situar na linha do tempo, quando ficávamos em frente ao telefone fixo esperando o paquera ligar - quem viveu essa cena sabe que é um retrato preciso da época.

A fotografia é linda e define o espaço e o período - no século 20 predominam os azuis e verdes saturados, a nitidez não é total, assim como num filtro de redes sociais que nos remete a um sonho bom. Já o século 21 tem cores mais terrosas e esmaecidas que nos fazem acordar desse sonho. Fases que são pontuadas por closes que enriquecem o significado da relação de amor e amizade: as mãos que se tocam na câmera filmadora, ou na mesa do restaurante no primeiro jantar romântico.

À primeira vista o longa parece um simples drama sobre um triângulo amoroso, porém a trama não segue o padrão esperado, com a superação dos obstáculos e um final feliz. Há um bom equilíbrio entre lágrimas e risos, com ótimas reviravoltas a partir de uma fita VHS recebida pela protagonista. Expectativas são criadas e logo em seguida quebradas num desfecho bem condizente com a vida real, e que tira “Garota do Século 20” do lugar comum entre o vasto catálogo de produções asiáticas da Netflix.


Vale Ver!



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