'O Telefone do Sr. Harrigan' traz ótimo elenco em conto de Stephen King | 2022
NOTA 6.5
Por Karina Massud @cinemassud
O escritor Stephen King é considerado o “Rei do Terror” e seus livros são best-sellers planetários que já venderam mais de 400 milhões de cópias. Muitas de suas obras foram adaptadas para as telonas e viraram clássicos do horror sobrenatural como “O Iluminado”, “Carrie, A Estranha” e “Cemitério Maldito”. Nos últimos anos a Netflix tem apostado em adaptações de obras do autor com apenas um acerto ,“Jogo Perigoso”, em meio a outros longas medianos ( “1922”, “A Torre Negra” “O Nevoeiro” e “Campo do Medo”); o mais recente é “O Telefone do Sr. Harrigan”, uma adaptação do conto homônimo do livro de 2020 “Com Sangue”.
O Sr. Harrigan é um bilionário recluso e misterioso que um dia, durante uma missa, tem sua atenção desviada pro garoto Craig, que acabara de perder a mãe e sofre bullying na escola. Ele então contrata o jovem pra ler para ele, e ali começa uma forte amizade e um caminho de transformação. Durante anos essa rotina se repete: religiosamente três vezes por semana Craig vai até a mansão ler clássicos da literatura pro Sr. Harrigan, textos otimamente colocados que representam o que se passa entre eles. Quando o iPhone é lançado, Craig ganha um e dá outro de presente pro bilionário, e a partir daí a comunicação entre eles não cessa, nem com a partida do idoso.
Dois terços do filme se passam nessa conexão entre eles, que, se não empolga, é boa a ponto de salvar o filme, visto que os atores Jaeden Martell e Donald Sutherland vivem os protagonistas com maestria e profundidade psicológica. Sutherland, ainda que em idade avançada, brilha sentado na poltrona do ambiente luxuoso e sisudo, com uma interpretação minimalista do homem de poucas palavras que se orgulha do garoto. E Martell, que apesar de jovem já tem uma filmografia rica, nos emociona com a improvável amizade entre mestre e pupilo. Ambos têm esses encontros como alegres fugas de suas realidades tediosas – eles se gostam e se admiram comedidamente, como cabe a pessoas não afeitas a rompantes dramáticos.
O lado sobrenatural da história demora a acontecer e fica restrito ao cansativo terço final. O diretor John Lee Hancock ( “Um Sonho Possível”) leva a narrativa a passos lentos e focada mais nos personagens do que no suspense, portanto não espere grandes sustos ou reviravoltas. É no amadurecimento dos personagens que o filme cativa o fã de Stephen King, que aqui encontra mais do longa “Conta Comigo” do que de “It, A Coisa”. Um curta ou média metragem teria sido a adaptação ideal para “O Telefone do Sr. Harrigan”, que vai agradar alguns mas decepcionar a maioria que espera uma produção à altura do Rei do Terror.
Vale Ver Mas Nem Tanto!
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