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'Passagem' : Jennifer Lawrence retorna em trama intimista da Apple TV+ | 2022

NOTA 8.5

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica 

Jennifer Lawrence tem uma das ascensões mais impressionantes da história recente. Embora tenha sido alçada ao estrelato graças a franquia ‘Jogos Vorazes’, suas primeiras conquistas vieram um ano antes, no longa ‘Inverno da Alma’ que lhe rendeu, aos 20 anos, indicações ao Globo de Ouro, Sindicado dos Atores, Spirit Award e a histórica nomeação ao Oscar, se tornando a terceira atriz mais jovem a receber essa honraria. Apenas dois anos depois, saiu vencedora, fazendo dela a pessoa mais nova a ser nomeada para dois prêmios da Academia e a segunda a vencê-lo. Em 2013, interpretou a empreendedora Joy Mangano na cinebiografia ‘Joy’, quebrando mais um recorde com o terceiro Globo de Ouro consecutivo e aos 25 anos, o segundo Oscar, sendo ela até hoje a única em sua faixa etária a receber 4 indicações. Após um breve hiato, Lawrence está de volta em ‘Passagem’, um drama intimista, discreto, e de certo modo uma retomada ao cenário independente e de escala modesta que marcou suas origens no cinema em 2011. Hoje, com a mesma sutileza e brilhantismo, ela ressurge.

Na trama acompanhamos Lynsey (Lawrence), uma engenheira militar ferida em combate que volta pra casa, em Nova Orleans, em busca de recuperação. Para além das lesões físicas, ela precisará encarar antigos traumas e encontrar uma nova maneira de recomeçar a vida.

Dirigido pela estreante Lila Neugebauer, ‘Passagem’ se pauta pelos diálogos precisos e longos silêncios. O ritmo e atmosfera não variam, mantendo um tom único durante toda projeção. Contudo, esse clima narrativo ameno tem um propósito, algo que a ambientação deixa claro quando percorremos as ruas de Nova Orleans, que apesar do intenso calor, é soturna, nublada e sem brilho, um retrato fiel do interior daqueles que ali habitam, em especial o da dupla protagonista. Bryan Tyree Henry interpreta o mecânico James, com quem Lynsey mantém uma amizade e, assim como ela, tenta lidar com os fantasmas do passado. O ator está em um dos melhores momentos da carreira, com ótimas atuações no currículo como nos filmes ‘Se Rua Beale Falasse’, no recente ‘Trem-Bala’ e na aclamada série ‘Atlanta’. As interações são pouco refinadas, dando autenticidade a elas. Os olhares tem peso e os silêncios são palpáveis. O realismo proposto justifica a morosidade do desenvolvimento, afinal, se trata de um filme sobre o processo de cura, e não da cura em si.

Lila Neugebauer tem uma trajetória notável no teatro e vem fazendo uma transição de carreira bastante interessante. Foi responsável por um dos episódios da ótima série ‘Maid’ e agora, em parceria com a A24, começa com o pé direito na direção de longas. Já Lawrence nada mais tem a provar a ninguém, e mesmo tendo colecionado estatuetas em tão pouco tempo, sem sombra de dúvidas ainda tem muito a nos oferecer.


Vale Ver!



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