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'A Morte Habita à Noite': longa nacional vai do amor à morte inspirado na literatura de Charles Bukowski | 2022

NOTA 7.0

Por Eduardo Machado @históriadecinema 

Em uma Recife suja e pobre vive Raul (Roney Villela), um escritor decadente que vive à margem, entre tragos de bebida e cigarro com a sua companheira, Lígia (Mariana Nunes). Eles logo se deparam com a morte, quando um corpo cai de uma das janelas do prédio próximo ao apartamento em que vivem. Apesar do espanto, a morte não faz muita diferença na vida deles.

Raul, em seguida, tem uma desilusão amorosa, pois Lígia, desgastada pela vida paupérrima e sem perspectiva de Raul, abandona-o. Nesse cenário, seria crível enxergar em Raul um homem que, em diante, rejeitaria as mulheres e as trataria com desprezo, tendo em vista a frustração sofrida. Raul, porém, reconhece a efemeridade da vida e da relação com as mulheres. Por isso, ainda que embarcado na solidão, nunca perde a ternura na relação com as mulheres, que se aproximam dele e depois, por algum motivo, passam.

O primeiro longa dirigido pelo cineasta Eduardo Morotó é livre e literalmente inspirado no niilismo de Charles Bukowski. Seu protagonista, Raul, é um homem com os dias contados, o olhar triste, solitário, vazio, mas que se recusa a sentir efetivamente as suas dores, mesmo com todo o peso às suas costas. Enquanto as mulheres que passam pela vida de Raul têm o desejo permanente de viver, mais do que sobreviver, Raul quase não possui querer, ele apenas vive a angústia do existir.

Entre viver e existir e como encarar o inevitável, “A Morte Habita à Noite” é um filme cujo ritmo lento faz parte da sua premissa. Ora, um filme que se propõe a debater o inevitável, que nos apresenta um personagem que tem como característica mais marcante a sua inércia diante do que o cerca, não poderia ser mais ágil. O filme caminha na velocidade de Raul, apenas esperando o fim.


Vale Ver!



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