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'Avatar - O Caminho da Água' : James Cameron reafirma a força de sua natureza | 2022

NOTA 10

- E como é que eles ficaram?
- Piores.

Por Vinícius Martins @cinemarcante 

Qual é a maior desgraça de um pai? E de uma mãe, qual é? O instinto mais forte que existe quando se está nessas posições é o de proteção, onde zelo e preservação regem as ações e reações que pai e mãe tomam. E é esse instinto, de cuidado e amor pelos filhos, que leva Jake Sully e Neytiri ao exílio nos oceanos de Pandora após o retorno do "povo do céu", que trouxe uma nova ameaça de caráter pessoal a eles. Treze anos atrás, quando James Cameron nos apresentou Pandora, o mundo ficou boquiaberto com o tamanho da qualidade que o resultado final teve, mesmo com uma trama recheada de clichês. E agora, em dezembro de 2022, Cameron consegue transformar mais uma trama aparentemente simples em um evento cinematográfico inesquecível e repleto de momentos épicos, onde um pai e uma mãe tentam a todo custo evitar que sua família seja vítima das forças malignas da ambição humana.

O filme é um novo marco da história do cinema, e é muito fácil, contudo, falar da qualidade dos efeitos visuais e de como eles são inovadores em diversos aspectos. Em lugar disso, vou enfatizar a profundidade (com o perdão do trocadilho) das camadas do roteiro e da tecnologia 3D. Este é um filme de ação, aventura e amizade, mas é sobretudo um filme sobre família, com todas as suas qualidades e falhas. James Cameron estabelece, em cima do que criou no primeiro filme, um evento familiar que toca o íntimo de pais e filhos enquanto tentam se aceitar em suas imperfeições e "ver" um ao outro. A família dos Sully cresceu, e o amor entre eles também. É curioso como o filme se revela aos poucos inteiramente dependente desses relacionamentos familiares, não somente para funcionar mas também para justificar a própria existência. Tudo gira em torno de família, desde o arco dos protagonistas até os povos que os hospedam e, inclusive, seus inimigos. E sobre o 3D, Cameron continua sendo quem melhor entende a tecnologia, e aqui nos presenteia com belíssimas cenas subaquáticas de tirar o fôlego. O filme foi feito para ser apreciado na maior tela possível, e é uma experiência cinematográfica bruta e rica como poucas conseguiram ser desde o lançamento do primeiro 'Avatar', em 2009.

O filme é longo, e sua duração é sentida sim, mas só em alguns momentos. Entende-se que algumas obras demandem uma duração mais extensa para causar o impacto necessário no público (como é o caso do excelente 'Drive my Car', que é um dos melhores filmes lançados nos cinemas brasileiros esse ano). O caso aqui é que há muita coisa para estabelecer e apresentar. A primeira hora do filme é usada para consolidar a problemática, a segunda para fazer turismo pelos oceanos e mostrar a força das novas ameaças, e a terceira é para colocar em cena o esperado embate entre o amor e o sadismo, que se personificam em figuras antagônicas que são guerreiras e não hesitam em matar para defender os seus. É um filme denso, embora simples; duro, embora amoroso; complexo, embora fácil. É o cinema em seu suprassumo mais uma vez, exaltado como a experiência que deve ser. E James Cameron consegue, novamente, mostrar sua genialidade para o mundo - não que precisasse se provar de novo, não… mas foi muito bom rememorar isso. E Pandora confirmou que ainda há muito para mostrar e várias outras faces a serem conhecidas e desbravadas.

'Avatar: O Caminho da Água' é uma obra de arte. Perfeita? Não, infelizmente. Ela carece de alguns retoques em alguns personagens e precisaria de um refinamento em algumas cenas e diálogos, mas hoje se faz valer com nota máxima para mim por duas razões. 1: o filme funciona plenamente em sua proposta. 2: ele conseguiu me fazer chorar. Na montanha russa de emoções que o filme é, alguns entendimentos são exclusivos para quem tem filhos, e foi nisso que o filme mais me pegou. Me foi inevitável derramar algumas lágrimas perante a iminência de um fracasso, de uma decepção e de um risco mortal. São lições que, por mais que sejam explicadas, só são compreendidas vivendo. James Cameron entende isso, e o mais espetacular é que, para quem ainda não é pai ou mãe, o filme terá uma ressignificação gigantesca no futuro, quando os filhos vierem. É um único filme, com impactos diferentes variando de acordo com o espectador. Isso, meus queridos, é cinema.


Super Vale Ver!



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