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'Terrifier 2' : entre torturas e assassinatos, nasce uma nova lenda do terror | 2022

NOTA 7.5

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica 

Publicidade é peça fundamental para o sucesso. Pouco importa se a propaganda é positiva ou negativa, sabendo como se comunicar com o público, certas reações adversas podem atiçar curiosidade ou até mesmo chamar atenção de pessoas com gostos “peculiares”. ‘Terrifier 2’ viralizou na internet após comentários sobre vômitos e até desmaios durante as sessões. O quanto esses relatos são reais é difícil dizer, mas sem dúvida ajudou a furar a bolha e apresentar Art, O Palhaço, ao mundo. A figura do palhaço é bastante comum no terror, que já conta com muitos vilões assim caracterizados, porém, se você acha que já viu de tudo, prepare-se para Art. Um monstro cuja presença assusta, e em ação, faz dos nervos corda de violino.

Idealizado por Damien Leone, o projeto parte de um conceito desenvolvido desde o início de sua carreira, quando filmou os curtas “The 9th Circle” (2009) e “Terrifier” (2011), marcando as primeiras aparições de Art. Já em 2013, o cineasta fez sua estreia em longas com “All Hallows' Eve”, porém, trata-se de uma antologia de contos de horror que reaproveita os curtas anteriores, acrescentando apenas um inédito. Com a boa repercussão nos festivais especializados, uma ideia mais madura na cabeça e 35 mil dólares em caixa, o cineasta se arriscou a produzir aquele que viria a ser o primeiro filme da franquia. Lançado em 2016, ‘Terrifier’ se destaca pela qualidade da maquiagem e dos efeitos práticos, ambos executados pelo próprio Leone. A trama é basicamente um “matar e correr”, as “atuações” das vítimas são amadoras e a ambientação é quase toda em um único prédio. Todavia, a violência alcançou níveis tão altos e de tamanho realismo que foi o suficiente para angariar uma base de fãs engajada, embora ainda limitada. ‘Terrifier 2’ contou com uma campanha de financiamento coletivo extremamente bem-sucedida, atingindo um total 250 mil dólares. 

Ressuscitado por uma entidade sinistra, Art, O Palhaço, retorna ao condado de Miles para aterrorizar uma adolescente e seu irmão mais novo na noite de Halloween.

Muito da essência do original foi preservada, entretanto, a estrutura narrativa ganhou mais atenção. O esforço apesar de entregar uma história elaborada, possui subtramas descartáveis, diálogos toscos e o desequilíbrio de ritmo está presente nos longuíssimos 138 minutos de duração. O elenco deu um passo adiante, avançando de amadores para profissionais que, na melhor das hipóteses, variam entre o ruim e o razoável. Contudo, os efeitos continuam um espetáculo a parte. A criatividade, o nível de detalhes e a variedade na forma com que Art comete os assassinatos chegam a um patamar de brutalidade que o espectador casual não está preparado. O vilão é vivido pelo ator David Howard Thornton, que assumiu o papel no longa de 2016 e desde então consolidou a identidade do antagonista. A performance tem como principal característica a fisicalidade, já que Art não emite qualquer som, muito embora constantemente se comunique através das expressões faciais e gestos que vão do cômico ao sádico. 

Não será surpresa se graças a visibilidade de ‘Terrifier 2’, o terceiro filme receber financiamento de algum estúdio, o que por um lado é bom por assegurar a continuidade da franquia, por outro, gera desconfiança dada a tendência das grandes corporações em podar os autores quanto a concepção de suas próprias obras, mas não é exagero afirmar que Art já está entre os ícones do gênero e definitivamente chegou para ficar.


Vale Ver!




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