'I Wanna Dance with Somebody – A História de Whitney Houston': longa exalta a carreira mas se esquiva da vida pessoal da diva | 2022
NOTA 6.0
Por Rogério Machado
As cinebiografias são o hit do momento! Nos últimos anos pudemos assistir versões e visões cinematográficas das mais diversas de artistas lendários como Fred Mercury, Elton John, e mais recentemente Elvis Presley. Cinebios representam um campo arriscadíssimo para qualquer cineasta, e a da diva Whitney Houston, com tantas glórias e polêmicas culminando numa terrível morte acidental por afogamento provocada pelo abuso de álcool e drogas, - cocaína em específico -, os degraus a se subir e descer seriam ainda mais cheios de obstáculos para quem quer que ousasse encarar essa empreitada.
No dia onze de fevereiro de 2012 nos despedimos de Whitney, a maior voz de sua geração, e assim que ela se foi alguns rumores sobre sua vida privada vieram à tona, e que mais tarde foram expostos em livros e em documentários como 'Whitney: Can I Be Me' (2017) e 'Whitney' (2018), esse disponível no Globoplay. Nesses projetos ficamos cientes sobre o caso com sua assistente Robyn Crawford , além de todos os dilemas envolvendo seu casamento com o também astro da música Bobby Brown, que no longa são vividos por Nafessa Williams e Ashton Sanders, respectivamente.
Nesse, que podemos chamar de cinema homenagem à maior diva que a geração desse que vos escreve acompanhou de perto, seguimos a trajetória de Nippy (Naomi Ackie), uma jovem que acompanhava a mãe, também cantora, Sissy Houston (Tamara Tunie) no coral da igreja e que anos mais tarde é descoberta pelo midas Clive Davis (Stanley Tucci). Da descoberta em um pequeno bar num show de Sissy até se tornar o maior ícone da música, o tempo foi relativamente curto, com turnês milionárias passando por um grande sucesso de bilheteria no cinema, seu maior desafio seria lidar com tudo que pairava em torno de sua vida pessoal, como as brigas com sua mãe em função da relação próxima com Robyn, os desvios de dinheiro do pai empresário (Clarke Peters), seu casamento problemático, e por fim o vício.
Enquanto homenagem, 'I Wanna Dance with Somebody – A História de Whitney Houston' é eficiente e realmente empolga fãs e admiradores da cantora. Todas os grande hits, sejam pelas reconstituições de videoclipes icônicos como 'It's not right but it's okay' ou apresentações em grandes turnês como quando ela cantou 'I will always love you' em um estádio lotado para homenagear Nelson Mandela e celebrar o fim do Apartheid estão lá e cumprem a porção espetáculo do projeto. O que deixa a desejar é a inserção de dramaticidade na vida pessoal de Whitney. Diante de tudo que já soubemos a respeito da relação de certo modo tóxica com Robyn e os episódios pesados no casamento, assim como o abuso desenfreado da mistura de álcool e drogas, o longa da atriz e diretora americana Kassi Lemmons ('Harriet' - 2019) com roteiro de Anthony McCarten (o mesmo de 'Bohemian Rhapsody' - 2018) escolhe recortes de uma versão pasteurizada da vida particular da cantora e com isso perde a oportunidade de fazer uma cinebio definitiva de Whitney.
Entre as poucas sequências onde Naomi Ackie usa a própria voz e as cenas dubladas com a voz de Whitney, a performance da atriz (que fique claro, não é cantora) é satisfatória. Como homenagem ao ícone a cinebio tem tudo para agradar aos fãs, ainda que opte por omitir os dramas de uma das maiores cantoras que o mundo já conheceu.
Deixe seu Comentário: