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'O Soldado que Não Existiu' : longa conta a incrível história de uma farsa bélica | 2022

NOTA 6.0

Por Karina Massud @cinemassud 

Muitas são as histórias curiosas passadas na 2ª Guerra Mundial que são desconhecidas do grande público. E é sempre um grande prazer vê-las retratadas em filmes que chamam a atenção justamente pelo caráter inusitado e verídico. “O Zoológico de Varsóvia”, “O Jogo da Imitação”, “Anne Frank, Minha Melhor Amiga” são alguns dos exemplos mais recentes disponíveis em serviços de streaming. E para engordar essa lista temos uma recente adição ao catálogo da Netflix: “O Soldado que Não Existiu”, que traz uma história no mínimo bizarra.

O filme dirigido por John Madden (“Shakespeare Apaixonado”) conta a história peculiar da “Operação Carne Moída”, um plano orquestrado pelos Aliados para enganar Hitler, convencendo os nazistas de que o exército britânico chegaria na Grécia quando o verdadeiro destino seria um ataque na Sicília, Itália. Essa operação mudaria o curso da Segunda Guerra Mundial, salvando milhares de vidas. E para isso o cadáver de um anônimo foi “enviado” para a costa espanhola com documentos falsos ultrassecretos que revelariam a chegada também inventada. 

Ewen Montagu, Charles Cholmondeley e Jean Leslie são os oficiais responsáveis por tornar essa mentira o mais crível possível. Através de detalhes colocados no fictício Major William Martin, como uma carta de amor que simula um romance e uma pasta com documentos, eles vão construindo uma realidade que torna a grande fraude uma salvadora de  nações. 

A trama é narrada pelo militar e escritor Ian Fleming, o pai do agente James Bond, que participou da operação mas que no filme teve sua importância diminuída, se ela tivesse sido mais aprofundada certamente teria dado mais brilho ao longa. A narrativa fica numa zona nebulosa entre o drama de guerra, o romance proibido, e um pouco de thriller de ação, mas não se desenrola bem em nenhum desses gêneros.  O foco parece ser mais as relações entre os envolvidos nesse plano maluco do que na operação em si, pois sua execução e como ela realmente deu certo são pouco mostrados, deixando um ponto de interrogação e curiosidade no espectador. A cena-chave, a da “desova” do corpo na Espanha, foi muito mal feita quando deveria ser o clímax, frustrando a todos que a esperavam.

Quando a trama parece engrenar ela empaca no vai-e-vem dos oficiais com a preparação do defunto, que a essa altura da trama já está apodrecendo a olhos vistos. A tensão amorosa-sexual entre Jean e Montagu, ela viúva inconsolável e melancólica e ele sozinho e carente, assim como o triângulo amoroso com Charles apenas ameaçam acontecer. Falta carisma aos personagens apesar de serem vividos por bons atores; Colin Firth, Mattew Macfadyen e Kelly Macdonald estão apagados na trama e dão a impressão de dizer o texto de forma monocórdica, causando tédio e nada mais.

O título nacional surpreendentemente é melhor que o original, “O Soldado que Não Existiu”, deixa explícito que o roteiro é sobre a criação do major de mentira e não sobre a “Operação Carne Moída” como um todo. Apesar do potencial pra uma ótima trama ter sido desperdiçado, “O Soldado que Não Existiu” não pode ser ignorado devido a esse episódio curioso e à sua importância histórica.






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