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'Matilda: O Musical' moderniza o clássico da Sessão da Tarde sem perder sua essência | 2022

NOTA 9.0

Por  Karina Massud @cinemassud 

Baseado no livro homônimo de 1988 do escritor Roald Dahl, “Matilda” foi adaptado pras telonas em 1996, não foi bem de bilheteria mas posteriormente virou um clássico da Sessão da Tarde, queridinho de uma geração que o tem nas suas melhores memórias afetivas. A Netflix comprou os direitos sobre as obras de Dahl (muitas já um imenso sucesso nos cinemas, como “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, “O Fantástico Senhor Raposo” e “A Convenção das Bruxas”) e agora lança “Matilda: O Musical”, uma adaptação do premiado espetáculo, que reafirma não só a beleza como o engajamento da sua história.

Matilda é uma garota brilhante nascida em uma família de pais ignorantes que vivem de trambiques. Um dia, já alfabetizada de tanto pegar livros na biblioteca, seu pai a coloca numa escola que mais parece um campo de concentração, onde as crianças são objetos de tortura da diretora, a Sra Trunchbull. A menina, além de ser superdotada, ler livros de adultos quando só tem 6 anos e fazer cálculos enormes de cabeça, também tem poderes telecinéticos (mover objetos com a mente), o que a ajuda a se defender dos maus tratos sofridos diariamente, tanto em casa quanto na escola.

O diretor Matthew Warchus manteve a narrativa original com apenas algumas adaptações aos dias atuais: celebra-se a diversidade social incluindo personagens de várias etnias; visualmente ricos, os cenários são um arco-íris de cores vibrantes que contrastam com os cinzas da escola onde não pode haver diversão. Houve a remoção de algumas passagens mais sombrias e violentas, o que me pareceu desnecessário, visto que a revolução dos oprimidos é feita justamente em cima dos muitos abusos. 

Os números musicais são lindos e dinâmicos, com ótimas canções e coreografias muito bem ensaiadas. Fica a observação pro público que torce o nariz para musicais: “Matilda: O Musical” não tem um minuto de marasmo ou músicas cansativas, pelo contrário, a vontade que se tem é de sair dançando e cantarolando junto dos personagens. 

O elenco  todo está muito entrosado. A novata Alicia Weir esbanja talento vivendo a protagonista com brilhantismo, tanto nas alegrias quanto nos sofrimentos, se colocando à altura da sempre impressionante Emma Thompson, que vive a vilã Sra Trunchbull. A diretora tirana é uma oficial nazista de uniforme militar, bota com ponteira de aço e um microfone sempre em punho; ela sente prazer em diminuir as crianças e literalmente torturá-las no “Engasgo”. Trunchbull é a caricatura de figuras presentes aos montes em nossa sociedade, pessoas que se alimentam da humilhação alheia cometendo bullying e assédio moral .

Em tempos onde as crianças e pré-adolescentes querem o sucesso imediato e sem esforço, a narrativa do longa é mais atual do que nunca ao pregar a importância dos estudos para evoluir e da perseverança pra superar as adversidades. “Matilda : O Musical” é um deleite e um forte candidato a jovem clássico.





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