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'A Luta de uma Vida' : Ben Foster vive um boxeador traumatizado por suas experiencias em um campo de concentração nazista | 2022

NOTA 7.0 

Por Eduardo Machado @históriadecinema

Em 1943, Harry Haft competiu pela primeira vez em uma luta de boxe. Infelizmente, porém, a primeira luta daquele que hoje é reconhecido como uma lenda não foi para uma plateia entusiasmada, fã do esporte. Ele competiu pela vida diante de nazistas sádicos. 76, repito, setenta e seis vezes, Harry Haft, preso em Auschwitz, foi obrigado a derrubar um de seus companheiros judeus em um ringue de boxe improvisado no campo de concentração, pois, caso não o fizesse, seria ele a perder a vida. É essa impressionante história real de luta pela sobrevivência que o diretor Barry Levinson conta em “A Luta de uma Vida”, com roteiro escrito por Justine Juel Gillmer baseado no livro escrito por Alan Scott Haft, filho de Harry Haft.

A história de Harry Haft, aqui interpretado por Ben Foster, não se resume, porém, às batalhas em Auschwitz, sendo que o foco principal são os traumas que o homem precisou carregar durante o resto da sua vida em razão do horror que viveu na guerra. Após ter, incrivelmente, sobrevivido a Auschwitz, Haft rumou aos Estados Unidos, onde tornou-se lutador profissional, chegou a enfrentar o campeão mundial Rocky Marciano, casou-se, formou família, sem nunca, entretanto, deixar de ser atormentado pelo passado.

A maior parte do filme ocorre em 1949, quando Harry Haft está no auge de sua carreira profissional no boxe, mas tudo é intercalado com cenas do passado do protagonista em Auschwitz. Interessante a ideia, pois a justaposição de passado e presente servem como ponto de reflexão sobre o quão inescapáveis são aquelas memórias. Barry Levinson, porém, foge da novidade, quando resolve adotar a desbotada estratégia do preto e branco para identificar o flashback, trazendo apenas mais do mesmo.

A questão é que o diretor, em algumas situações, parece não saber que filme gostaria de fazer. Na maior parte do tempo, entendemos que se trata de uma história sobre trauma, perda e resiliência. Em algum momento, porém, sobretudo na sequência em que Haft se prepara e enfrenta Rocky Marciano, parece que estamos assistindo a um reboot de "Rocky”.

Se o diretor se perde em alguns momentos, ele se encontra quando posiciona o filme como uma obra delicada e sensível, especialmente na construção do personagem principal, entregando uma obra satisfatória sobre um homem triste, endurecido pela vida, mas que viveu da maneira que lhe foi possível.





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