'Império da Luz' : Olivia Colman brilha em trama pouco inspirada do diretor Sam Mendes | 2023

NOTA 4.0 

Por Marcello Azolino @pilulasdecinema

O diretor Sam Mendes possui uma filmografia variada que vai desde filmes de James Bond até obras memoráveis como 'Beleza Americana', pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Diretor em 2000. No ano de 2019, ele brilhou novamente com o drama de guerra de tirar o fôlego '1917', uma representação realista e brutal da Primeira Guerra Mundial. Agora, o diretor retorna com este 'Império da Luz' (Empire of Light), uma produção menor com cenas contemplativas e um elenco que parece perdido em cena.

Na trama, situada no ano de 1980, acompanhamos a dinâmica de um cinema de rua clássico em uma cidade litorânea da Inglaterra. A Gerente do lugar, Hilary (Olivia Colman), coordena as atividades da Bomboniere e faz a gestão dos funcionários com mãos de ferro. Ao mesmo tempo, se submete aos assédios do proprietário do Cinema, Donald Ellis (Colin Firth). Sem sabermos ao certo o passado conturbado da personagem de Colman, percebemos um ar de melancolia nela, sempre com olhar perdido e deprimida diante de sua rotina desinteressante. A fotografia inclusive realça o primeiro terço do filme com cores pastéis para simbolizar o estado de espírito da personagem.

No entanto, quando o Cinema contrata o jovem negro Stephen (Micheal Ward), a vida de Hilary passa a ganhar mais cores e vida. Apesar da idade entre os dois, nasce uma relação complexa de feridas expostas e dramas pessoais que vão desde racismo até problemas de saúde mental. De pano de fundo, temos o poder curativo do cinema e como esta arte descortina sonhos e aspirações. Mais um filme da recente safra que celebra o poder do cinema, vide 'Os Fabelmans' e 'Babilônia'.

A obra conta com um time de coadjuvantes de peso como o próprio Colin Firth e Toby Jones, mas é Olivia Colman como sempre que faz o filme funcionar e que dá profundidade para uma personagem antipática e de poucas palavras. Se não fosse por ela, o filme teria dificuldade de funcionar com seu roteiro frágil e pouco interessante. A trama arrastada acaba chamando atenção para a fotografia inspirada de Roger Deakins ('Blade Runner 2049'), que garantiu uma indicação ao Oscar de Melhor Fotografia em 2023. Mesmo a Trilha Original do Filme composta por Trent Reznor e Atticus Ross cai no genérico e nunca decola.

'Império da Luz' é uma obra bonita de se ver com enquadramentos alinhados do diretor Sam Mendes, mas com uma narrativa vazia e que nunca diz a que veio.