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'Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes' : filme encarna RPG em adaptação divertida focada na aventura | 2023

NOTA 8.0

Tem uma pedra bem na frente. Ele vai dar a volta?

Por Vinícius Martins @cinemarcante 

Os membros praticantes de grupos de RPG vibraram muito na última década. A ascensão e a popularidade crescente desse modelo de jogo se deu graças ao "elemento Netflix", empresa de streaming (e também estúdio de cinema, quem diria) que resgatou aos holofotes toda a graça do RPG em sua série de incontestável sucesso, 'Stranger Things'. Com o advento dos tabuleiros e seus jogos elementares, muito se especulou à véspera quanto a uma possível nova adaptação de 'Dungeons and Dragons' aos cinemas - e sim, os estúdios viram nisso uma oportunidade nova de arrancar dinheiro do povo - e um deles, a Paramount, decidiu comprar a ideia. Com isso, temos agora uma obra que é sim um produto comercial para um nicho específico de apreciadores, mas que graças à sua boa realização consegue alcançar fatias bem maiores de público e promete ser o primeiro capítulo de uma nova franquia nos cinemas. 


O filme tem um trabalho bem cuidadoso na construção da atmosfera aventuresca do RPG, e se desenvolve com graça e bom humor no estabelecimento das pistas e desafios a serem transpassados. O roteiro é bastante simples na caracterização de arquétipos e arcos, apostando no "seguro" e sendo por vezes inclusive redundante. O público já sabe de antemão o que acontecerá com determinados personagens e de igual maneira antecipa o desfecho de seus receios e ambições. Reviravoltas envolvendo superação e escolhas difíceis surgem como se tivessem sido anunciadas lá no começo, mas a condução do filme é tão fluida quanto a cadência dos eventos de um RPG real - e esse caráter de previsibilidade acaba se tornando até cativante e positivamente familiar. Grande mérito disso está na escolha acertada do elenco, cujo conjunto consegue ser charmoso e atrapalhado na mesma medida; coisas do roteiro, claro, mas que muito provavelmente não funcionariam tão efetivamente se aqui tivéssemos outros intérpretes.

O resultado final não é cansativo, e nem tampouco tedioso; apesar de sua nítida despretensão e por não se levar tão a sério (traços esses que acabaram casando com excelência na proposta despojada dos realizadores), o que se vê em tela evolui gradativamente e esbanja carisma com a mesma intensidade em que o grupo inicialmente disfuncional e desajustado se conecta até se consumar uma equipe equilibrada. Os percalços enfrentados por eles rendem momentos ótimos, bem típicos de RPG, com destaque para uma sequência em um cemitério que se faz como um dos momentos mais engraçados do filme. O novo e divertido de 'Dungeons and Dragons', que em seu subtítulo original aponta para uma honra entre ladrões, faz justiça ao universo que converte às telonas e saúda os fãs que há tanto aguardavam um filme com esse nível de acabamento e espírito divertido. Não é uma adaptação do desenho que cresci assistindo, 'Caverna do Dragão', mas faz um aceno caloroso a isso. O filme é inegavelmente básico, mas funciona com vários méritos, e isso já basta para satisfazer quem procura uma aventura escapista repleta de efeitos visuais e chroma key.






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