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“Rye Lane: Um Amor Inesperado”: longa britânico recupera a arte perdida das grandes comédias românticas | 2023

NOTA 9.0

Por Eduardo Machado @históriadecinema

Fazer um bom filme de comédia romântica é mais difícil do que parece. Claro que há mais fatores envolvidos, mas certamente um dos motivos pelos quais o gênero vem, ultimamente, respirando por aparelhos, é que não é simples escrever um roteiro com piadas na medida certa, escalar protagonistas com química e desenvolver motivos para juntá-los e separá-los durante o curso do filme, sem cair nos clichês mais baratos. Parece uma arte perdida, mas basta assistir a “Rye Lane” e descobrir que ainda é possível.

Dirigido por Raine Allen Miller com roteiro escrito por Nathan Byron e Tom Melia, o filme estreou em Sundance no último mês de janeiro com repercussão positiva, mas, em vez do cinema, a Fox Searchlight, detentora dos direitos, resolveu lançá-lo diretamente no streaming. Assim, desde o dia 31 de março, o filme está disponível no Brasil, via STAR+. Desse modo, talvez por estar fora do cinema e de um canhão como a Netflix, não está, pelo menos não no Brasil, recebendo a atenção que merece, mas, dada a sua qualidade, é certo que não poderá ficar por muito tempo escondido.

Os personagens principais do filme são Yas (Vivian Oparah) e Dom (David Jonsson), dois jovens de vinte e poucos anos que se conhecem no banheiro de uma exposição de arte. Na verdade, Yas escuta Dom chorando pelo término de seu namoro recente e tenta ajudar o rapaz. Logo ele descobre que ela também recém terminou um relacionamento e, portanto, eles têm algo em comum sobre o que falar. E então eles caminham, atravessam o Rye Lane Market. E conversam. Yas insiste que está tudo bem com ela. Dom a admira por isso e a enxerga como inspiração para sair da imensa fossa na qual se meteu.

Durante a caminhada, percebemos que o filme tem o objeto de desejo de 10 entre 10 diretores de comédias românticas: um casal com química. Além disso, representam um sopro de ar fresco àqueles que estão cansados de ver os mesmos rostos protagonizando comédias românticas há décadas. E é assim, entre um lanche, uma ida a um pub e um jantar com a ex de Dom, que percebemos o quanto os atores estão à vontade em cena para fazerem transmitir a conexão do casal por eles interpretado, que fica mais nítida, quando vemos que eles não conseguem deixar de sorrir ao simplesmente se olharem.

Filmado num dia de primavera em Londres, o filme é um convite a se apaixonar por Yas e Dom, mas também pela Londres colorida de Raine Allen Miller, que a filma com lentes amplas, propositalmente exageradas e uma paleta cheia de cores primárias. Uma Londres, que ao contrário do estereótipo sisudo, é vibrante, aleatória e se agita ao fundo de cada cena, sejam crianças gravando uma dança do TikTok ou um homem sem camisa debruçado na janela de uma casa. O que quer dizer que não é só o amor do casal protagonista que interessa. Quer dizer que o amor pode estar em qualquer lugar, ao alcance de uma caminhada no parque. Ou onde você menos espera.






 


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