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'Raquel 1:1' : longa aborda fé e fanatismo na contemporânea idade média brasileira | 2023

NOTA 6.0 

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica 

Após um evento trágico, Raquel (Valentina Herszage) retorna à pacata cidade onde mora seu pai, Hermes (Emílio de Mello). Na tentativa de superar as dores do passado recente, a jovem se aproxima da comunidade religiosa local, no entanto, acreditando ter recebido uma importante missão divina, Raquel despertará a desconfiança e a revolta de todos.

Na indústria há um preconceito evidente para com os filmes de gênero, um fato que infelizmente se reflete no cenário nacional e que resulta em uma das grandes injustiças do nosso cinema dado a quantidade de excelentes profissionais especializados nesse tipo de abordagem, como Rodrigo Aragão e Dennison Ramalho, só para citar dois nomes em atividade. Fruto dessa realidade, ‘Raquel 1:1’ bebe bastante da fonte do horror, entretanto, é hesitante na abordagem e por vezes, nega a se assumir como tal.

Dirigido pela talentosa Mariana Bastos, o longa tem escolhas criativas interessantes, como a de nos contar sobre os traumas da protagonista sem utilizar flashbacks ou diálogos expositivos, mas por recordações que ecoam na mente de Raquel e que ouvimos apenas fragmentos. É uma alternativa que demonstra sobretudo sensibilidade, se distanciando da exploração da violência gráfica como no recente ‘Holy Spider’. Por se posicionar como um “filme denúncia”, a opção em não mostrar é perfeitamente condizente com a proposta. No elenco o destaque é Valentina Herszage, embora a performance oscile entre o competente e o apático. Além de Emílio de Mello e  o promissor jovem ator Ravel Andrade  serem subaproveitados, o elenco de apoio em geral deixa a desejar.

Trata-se de um “coming of age” que apesar da pouca originalidade - afinal a figura da mulher transgressora que se rebela contra a religião é antiga - (vide Joana D’arc), o filme traz boas ideias ao direcionar esse olhar para a realidade brasileira atual, em meio a ascensão do conservadorismo neopentecostal, o que definitivamente faz com que seu ‘timing’ de lançamento não seja um mero acaso.





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