'Still: Ainda Sou Michael J. Fox': com tom confessional e humor, longa traz a comovente história do ídolo pop | 2023
NOTA 9.0
Por Karina Massud @cinemassud
Desde criança ele sempre foi hiper ativo e nunca conseguiu ficar parado quieto, e não é agora, acometido pelo Mal de Parkinson, que ele vai ficar (still em inglês quer dizer “imóvel” e “ainda”, uma brincadeira com o título original “Still: A Michael J. Fox Movie”). Ele é Michael J. Fox, ator ícone da cultura pop que explodiu como o Marty McFly da amada trilogia “De Volta para o Futuro”.
Narrado pelo próprio Michael J. Fox, que além de ótimo ator também é um exímio contador de histórias, o documentário “Still: Ainda Sou Michael J. Fox” passeia por sua vida e carreira meteórica. Conhecemos sua infância, quando saía escondido pra comprar doce na mercearia, o bullying sofrido na escola de teatro por ser baixinho; a ida pra Hollywood e os momentos de dureza quando não tinha nem o que comer, até o reconhecimento como ator na série “Family Ties” (“Caras & Caretas”). A grande virada foi com a escalação às pressas pro papel de Marty McFly em “De Volta Para o Futuro” para substituir o ator Eric Stoltz, que não estava funcionando e dando o tom certo pro filme. Michael gravava a série de dia e o filme à noite, dormia 3 horas nesse intervalo e já não sabia mais em que set estava; mas o resultado compensou, pois o filme foi um sucesso avassalador, tanto de crítica quanto de público.
O diretor Davis Guggenheim faz uma ótima mediação na narrativa entre imagens de arquivo, os depoimentos de Michael J. Fox e as dramatizações de momentos cruciais em sua vida, como quando, em 1990, ele começou a sentir seu dedinho da mão tremer e se apavorou - “era uma mensagem do futuro”. Ainda na esteira da fama louca, multidões atrás dele, capas de revistas e muitos prêmios, Fox recebeu o diagnóstico do Mal de Parkinson, que ele escondeu do público até 1998. Depois da fase de aceitação da doença, Michael J. Fox virou embaixador na luta por pesquisas sobre o Mal de Parkinson, com sua fundação ele angariou até hoje 1,5 bilhão de dólares, dinheiro que é investido em estudos ao redor do mundo.
As memórias do ator dialogam com cenas de seus personagens memoráveis e isso traz bastante leveza nos momentos mais delicados. Os bastidores do documentário e a vida familiar de Fox também estão presentes no longa: o apoio de sua mulher, a atriz Tracy Pollan, sempre foi fundamental pra ele se manter forte, assim como o amor dos filhos. O documentário destaca que o distúrbio não o impediu de seguir trabalhando, Fox continua talentosíssimo e com um timing cômico perfeito, ele atuou na séries “Spin City” e “The Good Wife”, onde interpretou o advogado hilário Louis Canning.
A carga emocional do longa é fortíssima sem no entanto pender pro coitadismo ou ter um tom fatalista, pois Fox ri e brinca com o próprio infortúnio, neutralizando qualquer constrangimento que possa surgir; isso é bem visível quando lhe faltam os movimentos pra continuar gravando, ou na cena onde ele sai prum passeio cambaleando e cai na calçada, sendo ajudado por seu assistente e por uma transeunte.
“Still: Ainda Sou Michael J. Fox” é um documentário hipnótico que celebra com maestria esse legado inspirador e único.
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