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'As Oito Montanhas' : ambientado nos alpes italianos, longa é poesia sobre amizade | 2023

NOTA 8.0 

Por Eduardo Machado @historiadecinema


Pietro e Bruno são irmãos em tudo, menos no sangue. Não que isso importe. A amizade deles foi forjada durante um verão em que ambos, no início da adolescência, passaram juntos no Alpes Italianos. Ali formou-se um vínculo que perdurou por toda a vida, a despeito da diferença de personalidade entre os rapazes e do tempo que foram obrigados a passar fisicamente distantes um do outro.

Adaptado do best-seller italiano homônimo de Paolo Cognetti, “As Oito Montanhas” é o primeiro trabalho em conjunto do cineasta belga Felix van Groeningen com sua esposa Charlotte Vandermeersch, que também dirige o longa. Contada ao longo de quatro décadas, a história gira em torno dos dois rapazes à medida que se tornam homens, afastando-se e reencontrando-se: Bruno, um homem das montanhas, Pietro, um homem do mundo.

São diversas as metáforas construídas no decorrer do filme, as quais servem de eixo para o drama maior no qual ele se desenrola. Pietro e Bruno vivem em uma gangorra constante no sobe e desce entre as montanhas. Sempre, no entanto, precisando um do outro, mesmo, muitas vezes, sem saber que precisavam. A sincronia nunca se perdeu.

Nesse passo, “As Oito Montanhas” conta com uma abordagem minimalista e até incomum sobre a amizade masculina, ingressando na intimidade de Pietro e Bruno, de forma absolutamente sensível, sem, porém, esbarrar na pieguice. As paisagens belíssimas das montanhas apenas colaboram para uma experiência visual imersiva que não precisa sacrificar os arcos de seus personagens para ter sucesso. Ao comprometerem-se com o ritmo das marés constantes da vida, Groeningen e Vandermeersch constroem um filme tão fascinante sobre amizade que despedir-se de Pietro e Bruno pode ser tão doloroso quanto dizer adeus a velhos amigos.






 

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