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'Asteroid City': novo filme de Wes Anderson junta elenco estelar em trama pretenciosa | 2023

NOTA 5.0

Por Marcello Azolino @pilulasdecinema


O diretor norte americano Wes Anderson já foi indicado a 7 Oscars, possui uma extensa filmografia com uma legião de fãs pelo mundo e todo filme seu que é lançado cria-se um hype em torno dele. Em seu currículo há joias memoráveis como 'Os Excêntricos Tenenbaums' (2001), 'O Fantástico Sr Raposo' (2009) ou 'O Grande Hotel Budapeste' (2014). No entanto, há algum tempo Anderson vem demonstrado perder fôlego com suas narrativas estilizadas e sua forma característica de contar histórias que criou uma assinatura própria na história do Cinema.

Assistir a um filme do diretor é uma experiência única, ímpar, que absolutamente o distingue dos colegas diretores de sua geração. Seus enquadramentos simétricos, movimentações peculiares da câmera ou posicionamentos engessados dos atores no quadro, refletem uma rigidez técnica que atinge seu ápice neste 'Asteroid City'. É um exemplo de como um diretor deixa-se ser engolido pela própria marca registrada que o alavancou e perde o tom ao pretensiosamente acreditar que seus filmes são eventos que merecem ser consumidos de forma pasteurizada à la Wes Anderson Style.

A fórmula do diretor mostra-se fadigada em sua nova obra, que apesar de contar com um elenco estelar, perde-se nas inúmeras camadas e núcleos de sua narrativa rasa. Em um momento acompanhamos um dramaturgo interpretado por Edward Norton escrever a história dentro da história sobre uma cidade no meio do deserto, nos anos 50, chamada Asteroid City. Utilizando a Espanha como locação, os cenários são todos concebidos de maneira artificial, com céus e backgrounds que basicamente reproduzem papéis de paredes muito semelhantes ao recurso recente utilizado pelo filme da 'Barbie' (2023).

Enquanto o escritor Conrad Earp (Norton) datilografa em sua máquina de escrever a história teatral desta cidade isolada, o narrador Bryan Cranston apresenta elementos que pontuam o tom excêntrico do filme narrando o próprio processo do dramaturgo de escrever a peça 'Asteroid City'. Toda esta sessão do filme é em preto e branco.

A peça em sí apresenta a realização de uma Convenção de astronomia “Junior Stargazer” no meio do deserto em que o personagem Augie Steenbeck (Jason Schwartman) leva seu filho Woodrow e suas três filhas pequenas para o evento. O carro quebra e ele convoca seu sogro Stanely Zak (Tom hanks) para ir até o local ajuda-los. A partir daí uma sucessão de eventos e personagens interpretados por gente do quilate de Scarlett Johansson, Matt Dillon, Steve Carrell e Tilda Swinton desfilam na tela em situações que envolvem extraterrestres e especulações sobre um fragmento de meteorito que caiu naquela cidade.

De tempos em tempos assistimos ao fundo explosões nucleares, ao longe no deserto, que se remontam aos testes realizados pelos Estados Unidos na Era pós Guerra. Os personagens interrompem as situações para observarem grandes cogumelos se formarem no céu.

A história vai se desenrolando como um grande mosaico de personagens convivendo e passando por situações peculiares ao redor desta Convenção astronômica que reúne desde uma atriz chamada Midge Campbell (Johansson, ótima), que leva sua filha para o evento para ser homenageada, até June (Maya Hawke), uma professora que acompanha seus inúmeros alunos pelo local. Uma sucessão de micro histórias que aos poucos tiram o interesse do público e perdem consistência, ao menos do eixo central do protagonista, que aparentemente seria Augie e seus filhos.

'Asteroid City' teve seu lançamento no Festival de Cannes, agora em 2023, e competiu pela Palma de Ouro. Não levou nada. Retrato da fase pouco inspirada de Anderson, que desde o filme anterior, 'A Crônica Francesa' (2021), já demonstrava um roteiro cambaleante frente ao seu formato de storytelling que consagrou-o e que agora parece sabotá-lo.





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