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'O Porteiro' : Alexandre Lino é sangue novo na comédia e o ponto alto no novo longa de Paulo Fontenelle | 2023

NOTA 6.0 

Por Rogério Machado 


Baseado na peça homônima estrelada por Alexandre Lino desde 2017, tendo levado mais de 100 mil espectadores aos teatros, chega aos cinemas a versão cinematográfica de 'O Porteiro'. Uma vez ciente da vida pregressa da relação ator/personagem, fica fácil entender  a rápida conexão desse engraçado personagem título com o público. E não para por aí, o sucesso da peça e da chegada promissora aos cinemas se deve também à parceria com o experimentado Paulo Fontenelle ('Divã a 2' - 2014, 'Blitz, O Filme' - 2019), cuja habilidade na direção aqui faz toda diferença.

Nessa comédia rasgada, conheceremos Waldisney (Alexandre Lino), o porteiro de um grande condomínio onde treta não falta. Todo dia é uma confusão entre os vizinhos, e é a zeladora Rosivalda (Cacau Protásio) quem sempre dá uma força para rendê-lo na portaria, já que toda hora ele é solicitado pelos condôminos pra resolver situações ultra inusitadas que vão de sons de casais fazendo sexo até servir de babá de cachorro bravo. Em geral ele tira tudo de letra, mas tudo isso muda quando o prédio é invadido por assaltantes, e Waldisney agora precisa provar para o delegado (Maurício Manfrini) que ele pode até ser meio atrapalhado, mas compactuar com meliantes jamais. 

A ideia da trama surgiu à partir de sua própria história, já que ele mesmo, um ator pernambucano, veio pra o sudeste para conseguir melhores condições de vida através do seu ofício, assim como fazem milhares de artistas que optam por sair de sua terra natal, principalmente os nordestinos, já que o eixo Rio-São Paulo é imprescindível pra quem faz arte. A peça na verdade é um conjunto de depoimentos reais de porteiros nordestinos que cederam suas histórias para que Alexandre Lino colocasse em seu espetáculo. Muitas dessas esquetes aparecem no filme, mas dessa vez adaptadas pelas mãos de Fontenelle que trouxe novos personagens e que acabam se fundindo bem com a história dado o talento do cineasta na direção de atores. 

Sim, quem brilha é Alexandre Lino que está irrepreensível na pele do seu primeiro protagonista,  mas com um elenco tão numeroso (entre eles Suely Franco, Rosane Gofman, Aline Campos, Daniela Fontan e até o lutador José Aldo) é importante mencionar que vários desses estranhos personagens sob a competente regência de Fontenelle têm seus bons momentos na trama, e não raras vezes são hilários.

Entre momentos impagáveis e piadas escatológicas por vezes um tanto exageradas, a sequência em que o delegado de Manfrini (mais conhecido por Paulinho Gogó) em meio ao interrogatório de Waldisney cita nos nomes da maconha, é um dos trechos mais engraçados da comédia, que ainda guarda um rápido momento saudoso quando a personagem de Cacau Protásio cita Dona Hermínia, personagem de maior sucesso do ator Paulo Gustavo. É importante acrescentar que a trama de 'O Porteiro' se passa no mesmo condomínio onde  'Minha Mãe é Uma Peça' foi gravado. 

A narrativa de 'O Porteiro' pode até ser taxada como genérica, mas pra mim, enquanto expectador, personagens marcantes (destaco as hilárias aparições da veterana Suely Franco) e piadas que funcionem entre o público, já é o suficiente para se tornar um bom exemplar no gênero. Sim, relaxa que as gargalhadas estão garantidas. 






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