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'A última Rainha': com visual estilizado, filme aposta na força feminina e em narrativa dinâmica | 2023

NOTA 6.0

Por Marcello Azolino @pílulasdecinema


Consta nos livros de história, que na Argélia do Século 16, havia uma Rainha chamada Zaphira, segunda esposa do Rei Salim Toumi, que quebrou paradigmas e subverteu convenções religiosas e culturais reservadas às mulheres da época. É sobre esta líder feminista do passado que o filme 'A última Rainha' coloca luz de maneira corajosa sobre o tema. 

Em linhas gerais, acompanhamos a chegada do pirata Aroudj Barbarossa, na Argélia, frente a uma invasão de espanhóis que tentam conquistar o território argeliano. Uma aliança entre Barbarossa e o Rei Salim mostra-se eficaz para vencer o conflito em uma cena regada a sangue e membros decepados.

A relação ambígua entre o pirata e o Rei desmorona quando este é encontrado morto em decorrência de um estrangulamento misterioso. Todas as suspeitas recaem sobre Barbarossa, que insiste em assumir em seguida todas as propriedades do Rei, inclusive sua esposa Zaphira. É a partir deste momento que a Rainha começa a crescer na narrativa e mostrar sua forte personalidade e suas posições combativas em relação ao que acredita. Quando seu irmão ordena que ela retorne para sua cidade natal por ser viúva e não ter um guardião, rechaça esta possibilidade assumindo o trono à revelia dos súditos machistas que encontram nela uma afronta ao sistema.

À medida que a narrativa avança somos brindados com ótimas cenas da atriz Adila Bendimerad, que além de tudo assina o roteiro e dirige a produção com seu parceiro Damien Ounouri. Segundo Bendimenrand, “No cinema, Argélia é apenas associada ao contexto de colonização e terrorismo” disse ao Jornal francês Le Monde. Esta é a tentativa dela de trazer uma outra perspectiva ao filme e com uma forte temática feminina.

Tecnicamente a obra também merece destaque, com uma fotografia e uma paleta de cores que salta aos olhos em seus enquadramentos simétricos e estilizados. O figurino também é um ponto forte do filme.

Apesar da narrativa manter o interesse do público na maior parte do tempo, a divisão da história em atos nada acrescenta, apenas quebra o ritmo do roteiro. Outro ponto notório que a obra não poupa ninguém são as cenas de violência explícita, que refletem um pouco a realidade brutal da época, quando espadas e degolamentos pareciam ser triviais na dinâmica deste povo. Com uma história potente e desafiando uma realidade predominantemente machista e sem equidade de gêneros, a rainha Zaphira pareceu enxergar à frente do seu tempo e ganha agora uma adaptação cinematográfica para perpetuar seu legado e amplificar uma mensagem de resistência a todo custo, tema bastante atual no mundo contemporâneo.







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