Adsense Cabeçalho

'Ninguém Vai Te Salvar' : lançamento Star+, terror de invasão alienígena aposta no silêncio em trama com muita ação | 2023

NOTA 7.0

Por Rafa Ferraz @issonãoéumacrítica 


A categorização por gênero tem raízes na história do cinema e nas tradições narrativas. Gêneros como faroeste, noir, drama e muitos outros evoluíram ao longo do tempo, cada um desenvolvendo suas próprias características distintivas e dessa forma, busca despertar algum sentimento ou sensação mais específica. Algumas são facilmente identificáveis, como a comédia que busca provocar risos, o romance evocar emoção e o terror instigar o medo. Embora essas respostas emocionais sejam subjetivas, os filmes têm a capacidade de se comunicar por meio de códigos universais. Além disso, muitas vezes, dentro desses gêneros, existem subgêneros que refinam ainda mais esses códigos. 

Um ótimo exemplo é o subgênero de Invasão Domiciliar, que aborda um dos medos mais universais: a transformação de um ambiente acolhedor em um local de perigo iminente. A recente produção "Ninguém Vai Te Salvar" lançada diretamente no catálogo da Star+, baseia-se nessa premissa fundamental e entrega uma narrativa eficaz quando permanece fiel a essa estrutura mais restrita. No entanto, o filme tropeça em alguns momentos ao tentar expandir para além desses limites. 

Na trama acompanhamos Brynn (Kaitlyn Dever), uma jovem reclusa e rejeitada pela comunidade. Sua rotina é abruptamente interrompida quando sua casa é invadida por alienígenas. Enquanto luta pela sobrevivência, Brynn é levada a enfrentar não apenas seus invasores, mas também traumas profundos do passado. 

No filme "Sinais" (2003), dirigido por M. Night Shyamalan, somos levados a uma trama de invasão do mundo por alienígenas, culminando em um clímax que aprofunda questões familiares. Ou seja, ele começa como um drama familiar e o insere em um cenário apocalíptico, quase como um prelúdio ao fim dos tempos. Em "Ninguém Vai Te Salvar", as influências de "Sinais" são evidentes, no entanto, Brian Duffield, neste que é apenas seu segundo trabalho como diretor, opta por uma abordagem inversa, partindo da ação para o drama. 

Em meio a erros e acertos, o destaque, sem sombra de dúvidas, é a performance de Kaitlyn Dever. Com uma duração de aproximadamente 90 minutos, "Ninguém Vai Te Salvar" quase não tem diálogos, o que, vale mencionar, em tempos de cinema falado, apostar no silêncio é um ato de coragem. Com isso, a atriz performa majoritariamente por expressões faciais e na fisicalidade, transmitindo um senso de urgência ímpar. O contexto de vida e a problemática da protagonista é revelado de forma gradual, entregue aos espectadores em pequenas doses. Isso ocorre por meio de cartas que ela escreve, de alguns porta-retratos nos móveis e da própria casa, que deixa transparecer que ali houve outros habitantes, mas agora permanece repleta de espaços vazios. Infelizmente, em um dado momento o filme sucumbe ao lugar comum e rejeita a sugestão, indo pelo caminho mais fácil da explicação barata e expositiva dos acontecimentos. 

Com um orçamento modesto e sem chegar às telas de cinema, "Ninguém Vai Te Salvar" se destaca como uma agradável surpresa para os entusiastas do gênero. Sem buscar reinventar a roda, o filme atinge seu ápice quando adota a filosofia do "menos é mais", revelando na simplicidade seu ponto forte e na complexidade, seu calcanhar de Aquiles. 





Nenhum comentário